“Subtendido”, de Luis Henrique Santos, foi selecionado para ser publicado em livro da Biblioteca Nacional
Marcelo Lopes
As pessoas expressam os sentimentos que possuem de variadas formas. Sejam elas por atitudes, emoções ou simplesmente, pela arte. O poeta brasileiro Mário Quintana (1906-1994), disse uma vez que “um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente e não a gente a ele”. Uma definição de texto que gera identificação de quem escreve para quem o lê, colocando o leitor em uma outra realidade ou deixando a própria ainda mais intensa.
Essa atividade faz parte da rotina de Luis Henrique Santos, de 25 anos. Morador de Carmo da Mata, o escritor tem a poesia como desde os 12 anos de idade. Ele escrevia os versos assim quando as inspirações surgiam e isto fez com que o jovem se apaixonasse pela literatura.
“Era um desabafo, não tinha algum escritor específico, mas muito do que lia me inspirava, sempre tive gosto pela arte e a escrita era uma boa forma de lidar com sentimentos e emoções” disse Luis ao PORTAL.
Após muitos anos escrevendo poesias, o autor decidiu criar há um ano e meio o “3 da Manhã”. Uma página nas redes sociais, que primeiramente, tinha como ideia o recebimento de algumas histórias vividas pelos seguidores e assim, transformá-las em poesia.
“Era um desafio pessoal, já que acredito que poesia é uma forma de viver, de ver a vida e não apenas a escrita. Mas não deu muito certo. Ainda é um projeto inicial, mas tem ajudado a compartilhar escritos meu com o público, que é um dos objetivos da poesia: tocar as pessoas”, relatou.
Poema premiado
Há três meses, Luis escreveu um poema intitulado de “Subtendido”. O poeta teve como inspiração as pequenas coisas que se resumem em uma demonstração do melhor dos sentimentos.
“A ideia veio das diversas formas de se demonstrar amor, que a meu ver são nesses detalhes singelos do cotidiano que se demonstra. Cada vez mais falamos ‘eu te amo’ pra todo mundo, precisamos aprender a demonstrar mais também”, explicou.
Após a ideia ser sugerida e o incentivo de um amigo, Marcelo Rufino, de inscrever o texto no Concurso Nacional Novos Poetas, Luis acatou a idéia e enviou o poema. Com outras 249 poesias selecionadas, “Subtendido” foi escolhido para ser publicado no livro “Antologia Poética, Prêmio Poesia Livre 2018”, que faz parte da Biblioteca Nacional e é financiado pelos próprios autores.
“Fiquei surpreso e extremamente feliz. Ainda teremos nossos nomes registrados na Biblioteca Nacional. O livro ainda não foi lançado. Nosso financiamento se divide em duas parcelas, mas acredito que não demore muito o lançamento”, expressou o poeta carmense.
Cenário regional
Luis analisa o cenário de poetas em Carmo da Mata e região com um enorme potencial, mas ainda está longe de uma valorização dos talentos. Na cidade, será realizado em maio o Festival Literário de Carmo da Mata (Flicar).
“Vivemos em tempos que os piores males da humanidade são problemas emocionais e psicológicos, talvez a poesia e as outras artes sejam a cura que precisamos. Somos ricos de grandes artistas, que estão ao nosso lado e convivem conosco. Precisamos de mais atenção com isso, valorizarmos o outro, pois a poesia, o cuidado e o afeto pode e deve estar bem perto” finalizou.
Confira logo abaixo o poema de autoria de Luis Henrique Santos
Subtendido
“Eu nunca disse que te amo.
Em nenhuma das horas que passamos nos beijando.
Nunca naqueles momentos em que ficava te admirando.
Eu nunca disse que te amo.
Nem nas inúmeras vezes que enumerei tuas belezas, tuas qualidades e teus encantos.
Cada vez que decifrei tuas formas, tuas curvas, cada canto.
Eu nunca disse que te amo.
Quando me fazia de bobo pra te ver sorrir e gargalhando.
A cada pequena declaração que pra ti fiquei procurando.
Eu nunca disse que te amo.
Nas vezes que me dividi pra não mais te ver chorando.
E esse texto que construí,
Só pra ficar registrado aqui:
Pra cada nunca que escrevi, estava um pra sempre eu te amo”