80% das obras estão concluídas (Foto: Amanda Quintiliano)

Amanda Quintiliano

O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) vem como um alento para a Centro-Oeste de Minas. Principalmente em meio a notícia de que o Hospital Público Regional não é prioridade do Estado. Ele é tido como uma das “esperanças” para amenizar a falta de leitos na região. Porém, o secretário de Estado de Saúde, Sávio Sousa Cruz voltou a trata-lo como segundo plano, nesta terça-feira (06).

“Não é uma questão de cancelamento, é prioridade”, afirmou à imprensa.

“Hoje, os recursos estão escassos e nós já estamos fazendo um grande esforço para assegurar o funcionamento do Hospital São João de Deus”, completou.

Em detrimento do Hospital Regional, o Estado está concentrando os recursos na recuperação do São João de Deus e também na implantação do Samu. É aquela velha frase: “mais vale um pássaro na mão que um a voar”. Só que neste caso, foram dois nas mãos enquanto um ainda está solto.

“Como a gente espera ter uma melhora na questão financeira, arrecadação, podemos retomar o projeto”, tentou amenizar o secretário.

Novos capítulos

Previsto para ser entregue em dois anos, o hospital está mais perto de completar uma década em obras do que prestes a ser concluído. O problema não está apenas nos anos, mas também nos cifrões. De 2009 até agora já foram investidos R$ 61,8 milhões e há um saldo de mais R$ 14 milhões a ser liberado. Além disso, é necessário um novo convênio de R$ 20 milhões.

Orçado em R$ 36 milhões, a construção custará no mínimo R$ 98,9 milhões. Contudo, quanto mais o tempo passa, mais cara ela poderá ficar. Isso sem mencionar o custo para equipar a unidade e o custeio mensal. Para gerir, a proposta é transforma-lo em Hospital Escola por meio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

“O que a gente vem fazendo desde o começo do ano é buscar desde o Ministério da Saúde até a Secretária de Estado recursos para terminar e gerir o funcionamento, porque o custeio não é barato, é de R$15 milhões e o município não tem condições de assumir sozinho essa conta”, afirmou o secretário municipal de Saúde, Rogério Barbiere, afirmando não ter esperança de as obras, paradas desde outubro do ano passado, serem retomadas ainda em 2017.

“Acho difícil, ainda mais com o Estado em calamidade financeira. Mas acho que no final de 2018, início de 2019 a gente consiga esse recurso”.

Deputados

Os deputados federais Jaime Martins (PSD) e Domingos Sávio (PSDB) têm uma opinião de consenso: concluir a unidade é fundamental. Apesar disto, eles reconhecem a dificuldade financeira e sabem que o “caminho do dinheiro” não é o Estado.

Domingos disse que agendará uma reunião no Ministério da Saúde e tratou como compreensível a necessidade do Estado de dividir a responsabilidade com a União. Ao mesmo tempo, classificou como absurda o fato de a obra não ser considerada prioridade.

“O governo do Estado se recusa a coloca-la como prioridade, no meu entendimento, é um absurdo, não só porque o governador assumiu esse compromisso quando fez campanha, depois de eleito, mas principalmente porque ele é necessário”.

Jaime afirmou ver com “apreensão” a afirmação do Secretário de Estado de Saúde e que tentará dissuadir o governador, Fernando Pimentel em uma reunião marcada para a próxima semana.

Apesar da preocupação, ele concorda com a priorização do São João de Deus.

“Para mim é prioridade número um voltarmos com o São João de Deus e fazermos o atendimento à população da forma com que era feita historicamente. Não podemos permitir que algo que já esteja funcionando pare de funcionar”, ponderou e completou: “Mas não tenha dúvida que o hospital regional vem complementar o serviço que precisamos, porque nossa demanda é muito grande e, talvez, o São João não consiga atender toda na forma otimizada”.