Amanda Quintiliano
Entre sábado (19) e segunda-feira (21) nenhum paciente da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Divinópolis conseguiu transferência para hospitais da região. Até ontem, 53 pessoas estavam internadas na unidade, algumas aguardando há mais de 30 dias por um leito. Os dados são da Assessoria de Comunicação da Prefeitura.
As últimas transferências realizadas até segunda (21) foram na sexta-feira (18) como mostrado pelo PORTAL em entrevista exclusiva com o superintendente, José Orlando Reis. No dia, 11 pacientes conseguiram vagas hospitalares, parte delas no Hospital São João de Deus que está com 112% da capacidade atendendo pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A situação considerada “alarmante” pela Secretaria Municipal de Saúde a forçou a emitir uma nota informando que a UPA está “à beira do limite”.
“A UPA, na verdade, já vem extrapolando o que é a capacidade dela de atendimento já há muito tempo. Hoje a capacidade é de 350 pessoas em 24 horas e pelos últimos dados estamos chegando a 500 atendimentos”, conta o superintendente.
A unidade tem 25 leitos de internação para pacientes que aguardam transferência. Para atender a demanda eles são improvisados pelos corredores do prédio, já que o número de pessoas é o dobro da capacidade.
Além de Divinópolis, são atendidos os moradores da microrregião Oeste composta por Carmo do Cajuru, São Sebastião do Oeste e São Gonçalo do Pará.
Estado
Apesar do alerta emitido pela UPA o Estado não tomou nenhuma medida para tentar alivia-la. Em nota encaminhada ao PORTAL, a assessoria, basicamente limitou-se a falar no procedimento adotado para a transferência dos pacientes a partir da Central de Regulação de Leitos gerenciada pelo SUS Fácil.
Quando um paciente necessita de procedimento de urgência, ele é cadastrado neste sistema após a avaliação do médico da instituição de origem. Com o laudo, os profissionais e operadores da Central passam a solicitar vagas em umas das instituições credenciadas ao SUS de Minas Gerais.
“No caso do Hospital São João de Deus, que se encontra com mais de 100% de ocupação, a Central procura leitos em outras instituições hospitalares da região que possam atender ao paciente. Tendo negativas, ela passa solicitar leitos em outras regiões do Estado”, esclareceu em nota.
Questionado sobre as medidas e alternativas para solução da superlotação, a assessoria não respondeu. Na nota, ela apenas conclui jogando a responsabilidade para o município.
“É bom lembrar que Divinópolis é um município pleno de gestão, sendo responsável pela gerência da UPA”.
Caos
Um dos casos que chamou a atenção na UPA é o de Ronan Cardos, de 60 anos. Ele deu entrada na unidade com encaminhamento para amputar o dedo. Isso ocorreu há mais de um mês. Até agora, o sistema “ilustrado” acima pelo Estado, não conseguiu uma vaga para a cirurgia. Com a espera, o homem terá que amputar a perna.