“Vamos pelo princípio inconsolável e aterrador do mal menor, do risco menor, da desgraça menor”
“Estamos diante de candidato inexiste e incompleto”. Essa é um trecho do artigo publicado pelo bispo da Diocese de Divinópolis, Dom José Carlos. Estarrecido com o cenário político atual e os caminhos que tomaram as eleições deste ano, ele fala da falta de opções do segundo turno e ao mesmo tempo incentiva as pessoas a votarem naquele que acreditam se o “mal menor”.
Ele abre o texto fazendo uma reflexão sobre o voto, a livre expressão e a consciência. Cita o “bem comum” como fator a ser analisado pelo eleitores.
“O bem comum é o grande patrimônio e a herança irrenunciável da Doutrina Social da Igreja”.
Em seguida menciona o cenário eleitoral do segundo turno.
“Colocamo-nos estarrecidos diante das opções que temos. Opções que não obrigam a consciência pela escolha de convicção. Nossas consciências apontariam para outros nomes, outras propostas, outros projetos sociais, outras formas de fazer política e de fazer campanha e até indevidamente ao voto branco e nulo”.
Dom José Carlo foi além e lamentou dos entraves que marcar a campanha presidencial. Para ele, faltaram sadios confrontos de propostas “pela via do debate inteligente e participativo”.
“Houve ataques e acusações mais que apresentação de propostas e políticas! O tempo nas mídias não dava para as duas coisas e se optou pela primeira estratégiae e sobraram “fake news”, “old news”, “bad news”. Faltaram de fato “good News””.
Segundo o bispo, “faltaram palavras e projetos portadores de esperanças genuínas, de respostas críveis ao grave cenário do nosso país”.
“Não é fácil assinar agendas de intenções cheias de pontos contestáveis, problemáticos e anticristãos dos dois lados. Não é fácil apostar em quem não fez muito em âmbito menor e promete fazer muito em âmbito maior”.
Dom José Carlos ainda chama a atenção para os programas de governo desenhados de um país irreal.
“Não é fácil acreditar em quem promete quase tudo como se tudo dependesse de uma única caneta ou vontade e como se não houvesse outras instâncias que participam, permitindo ou bloqueando, as mil promessas”.
Sem citar nomes, classificou os candidatos em “o conhecido, com quem não concordamos em muitos aspectos para trás e para o futuro, e o desconhecido, que não sabemos para onde nos levará”.
“Para onde querem levar o Brasil? Para onde querem levar os pobres?”, indagou.
Ele ainda reconhece que o eleito terá que ceder para governar.
“Ou então vamos ao caos da ingovernabilidade, à derrocada da democracia ou anarquia social”.
Críticas
O bispo também não poupou críticas aos candidatos. Disse que nenhum aprendeu a fazer política e pensar no bem comum.
“Se eles fazem política, tendo como critérios outros “valores” (ou pseudovalores ou semivalores ou avalores), como votar neles?”, indaga e acrescenta: “Dos dois lados, há grandes e graves contradições à luz da fé”.
Sem candidatos
Segundo Dom José, as orientações de possíveis discernimentos nestas eleições nos colocaram diante do candidato inexistente, incompleto ou por vir.
Ele afirmar que os políticos que temos, na sua quase esmagadora maioria, ainda fazem política longe da ótica de Jesus, do Evangelho e do Reino.
“Alguns até têm o rompante e o atrevimento de levar consigo rótulos de pertença religiosa, mais por discurso do que por posturas”.
Diante do cenário, afirma ele, “lamentavelmente, com consciência reticente e resistente e com inteligência humilhada, vamos pelo princípio inconsolável e aterrador do mal menor, do risco menor, da desgraça menor”
“Só o tempo vai nos revelar o tamanho mal ou do bem que escolhemos para nossa Pátria”, completa.
Ele finaliza dizendo ser necessário votar e que escolher é um dever.
“Acompanhar os eleitos, criticar, exigir, vigiar, excluir, rezar, crescer em cidadania e civismo… são atitudes permanentes nas quais precisamos persistir e que nos educarão até as próximas eleições”.
Leia o texto na íntegra clicando aqui.