João Paulo treina duas vezes por semana, e tem uma dieta voltada para o aproveitamento na água (Foto: Janaína Alves)

João Paulo Mendonça é aluno de Engenharia Civil e irá competir na modalidade de natação

Allan Alves

Estudante de Jornalismo

Uemg/Divinópolis 

A Universidade do Estado de Minas Gerais  (Uemg) será representada pela primeira vez nos Jogos Paralímpicos Universitários. João Paulo Mendonça, aluno de Engenharia Civil da Unidade Divinópolis vai representar a Universidade na modalidade natação.
 
Além da estrutura disponibilizada pelo próprio evento, que será realizado entre os dias 09 e 12 de maio, João Paulo também teve o apoio da Uemg para chegar até a disputa. Sabemos que o esporte universitário no Brasil não é profissional, mas existem neste cenário, pessoas como o João, que não se aquietam, e entendem o que o esporte representa.

“Olha, eu não tenho nível profissional, sou amador, mas vou com vontade, querendo ganhar, e mais para conhecer essa competição, eu não tinha participado antes, é a primeira vez. A gente vai encontrar gente do Brasil inteiro lá, vai ser muito bacana.”

O incentivo ao esporte no Brasil está longe de ser alcançável a todos, até o momento, o contato com a maioria das modalidades pode ser considerado um privilégio. O ensino básico, principalmente na rede pública, sofre com a ausência de diversidade na oferta dos esportes. Os clubes e academias espalhados pelo país cobram altos valores para que os atletas mantenham frequência.
 
As Universidades Públicas no Brasil, apesar de concorridas, historicamente não oferecem uma estrutura desportiva de qualidade incentivando a participação dos alunos em competições. Sabemos por exemplo, que a Uemg em Divinópolis passa por um momento delicado de transição de uma instituição privada para uma instituição pública. O que não se sabe é quando o esporte estará entre as prioridades de investimento.
 
 João sabe desta realidade, mas acredita também no poder que cada um tem de realizar suas vontades e correr atrás dos próprios objetivos.
 

João Paulo treina duas vezes por semana, e tem uma dieta voltada para o aproveitamento na água (Foto: Janaína Alves)

 “A universidade vem para nós trazer conhecimento, desenvolvimento mental, porque não trazer desenvolvimento físico? Seria algo fantástico para o ser humano! Algo que parece distante da realidade de hoje. Eu não me acomodei, apesar de ser cadeirante, tento fazer o meu melhor, e me espelhar em outros atletas que vejo na modalidade, que também não se acomodaram.”

Os Jogos Paraolímpicos Universitários compõem uma competição de nível nacional. E qualquer atleta que busca disputar uma modalidade nesse nível sabe que precisa galgar vários títulos até conseguir. No caso do João, ele chama a atenção às instituições que não divulgam estes eventos, é realmente difícil saber de oportunidades como essa. Ele sempre correu atrás de seus interesses, mas também é um garoto de sorte, existem pessoas fundamentais por trás de sua desenvoltura. Ele mesmo conta um pouco de sua história:

“Eu tive meningite bacteriana aos nove anos, e a bactéria veio a se espalhar pela corrente sanguínea, e onde ela se alojou eu tive que fazer a retirada do tecido. Tive que fazer a amputação dos membros inferiores, e algumas lesões nos dois braços. Quando eu era criança, eu não tive a oportunidade de me inserir no esporte. Então, depois de adulto, tive a iniciativa de ir até o basquete. E passado alguns anos, recebi o convite do meu amigo Jair, para conhecer a natação que hoje é o esporte que vou competir. E, desde então, eu venho praticando a natação junto com o basquete.”

Treinos

Atualmente, João nada na piscina do Jair, seu treinador, que foi parte da Seleção Brasileira de Natação, já foi campeão mineiro de natação e competiu em várias piscinas mundo a fora. João possui modelos em que se espelha, por exemplo o Daniel Dias, atleta paraolímpico brasileiro e recordista mundial. 

“Eu cheguei a ver o Daniel Dias na piscina, e vi o quanto ele consegue desenvolver na piscina, e mesmo com uma deficiência até mais grave que a minha, ele consegue superar inclusive atletas sem deficiência. Ele é uma inspiração para mim, com certeza.” 

O evento que no ano passado reuniu cerca de 250 universitários de todo o Brasil, é organizado pelo Comitê Paraolímpico Brasileiro — CPB, Confederação Brasileira do Desporto Universitário — CBDU e do Ministério do Esporte — ME, com apoio do Governo do Estado de São Paulo e do Conselho Federal de Educação Física (CONFEF).