Isadora Santana
Douglas Cruz protocolou um documento, nesta terça-feira (29), junto ao setor da Comissão de Direitos Humanos na Câmara dos Vereadores em Divinópolis, alegando ter sofrido injúria racial no último dia 20 de novembro. Oficialmente ele será ouvido pela comissão nesta quinta-feira (01/12), para pedir que o caso seja investigado e que medidas sejam tomadas.
O encarregado de garçons acusa Matheus Costa, ex-candidato a vereador, de tê-lo ofendido com palavras raciais, enquanto trabalhava. Foi feito um boletim de ocorrência e ele está movendo um processo por injúria racial contra o acusado.
Segundo Douglas, ele estava trabalhando, em um bar localizado na região central, e Matheus, como cliente, estava insultando uma mulher com palavras de baixo calão. Incomodada, ela pediu ao encarregado que tomasse providências.
“Como funcionário já estava incomodado com a situação, porque tinha outros clientes no bar e ele estava gritando, mas até então eu não sabia que era com ela. Ela não aguentou e me solicitou para que eu tomasse uma providência. Não sei qual o vínculo deles, mas a mulher me falou que não o conhecia”, explicou.
Douglas conta que nesse primeiro momento ele pediu educadamente ao Matheus para que parasse com as agressões. O cliente respondeu agressivamente, fazendo gestos obscenos, porém sem insultá-lo. Passados alguns minutos, Matheus continuou a agredir verbalmente a mulher, e outro cliente também se exaltou com a atitude dele. Douglas retornou à mesa para tentar amenizar a situação novamente, e foi nesse momento que teria ocorrido o crime de injúria.
“Ele simplesmente falou que não era da minha conta e começou a me chamar de macaco, lixo e de favelado. Esfregou a mão no braço e falou que a minha cor era para servir ele mesmo. Tanto os meninos e meninas não aceitaram a situação e eu estava até contido. A cliente que estava sendo agredida pelo Matheus falou que iria chamar a viatura policial, por ser crime de racismo”, afirma.
Ainda segundo o trabalhador, Matheus chegou a jogar uma cadeira em um dos clientes e teria ido embora quando percebeu que a situação estava crítica. Douglas afirma também que o ex-candidato a vereador voltou no seu trabalho na última quinta-feira (24) para pedir desculpas, mas que manterá o processo.
“Não é simplesmente a pessoa cometer um crime e depois vir pedir desculpas e achar que está tudo resolvido. Ninguém tem direito de agredir o outro da forma que ele fez comigo. Então o que puder fazer, eu vou na Defensoria Pública, nos Direitos Humanos, na Delegacia, para que essa situação não se repita”, finaliza.
Outra versão
Matheus Costa nega todas as acusações e contou ao PORTAL que também fez um boletim de ocorrência contra Douglas, por agressão e ameaça de morte.
Segundo ele, havia uma discussão entre duas mesas, e não entendeu porque Douglas veio até ele chamando-o de playboy, o ameaçando de morte, além de receber um tapa no rosto do encarregado de garçons.
“Eu não fui pedir desculpas, eu fui dialogar, pedir explicações do porque ele agiu daquela maneira comigo, de forma desnecessária. Ele está mentido para não perder o emprego e está se vitimizando. Mas eu tenho as minhas testemunhas e também vou processá-lo por injúria e difamação”.
Boletim de Ocorrência
O Portal tentou ter acesso aos boletins de ocorrência, porém a Polícia Militar negou a disponibilizá-los, alegando que só podem ser repassados as partes envolvidas.
Comissão de Direitos Humanos
Segundo o presidente da comissão, vereador Nilmar Eustáquio (PP), Matheus Costa já foi convidado a comparecer também para apresentar sua versão dos fatos, na próxima terça-feira (06/12).
“Douglas será ouvido oficialmente amanhã. Ele fez a denúncia por escrito e protocolou, sendo encaminhado a mim e aos demais vereadores da pasta. A comissão entendeu que é preciso ouvir também o acusado, para que depois elaboremos um documento, que será encaminhado ao Ministério Público. Pois o papel de um vereador não é o de julgar ninguém, isso cabe a justiça, e por isso não vamos emitir nenhuma posição sobre o caso”.