“Nenhum de nós está pedindo nada além do que é nosso por direito”, diz agente após prefeito se referir aos profisisonais como “laranja podre”
Os agentes comunitários de saúde e endemias de Divinópolis (MG) (ACS e ACE) querem a formalização para mudança do GH com previsão dentro da Lei Orçamentária Anual (LOA) para pagamento das progressões em cima do piso nacional de R$ 2.424. O pedido, que veio também com a exigência por respeito, foi feito pela representante da categoria, a agente de endemias do bairro Danilo Passos II, Isabel Maria de Sousa, ao usar a tribuna livre da câmara, nesta terça-feira (8/11).
Ontem, o prefeito Gleidson Azevedo (PSC), chamou aos profissionais de “laranja podre”, devido ao movimento que tem protelado a votação do projeto EM 63/2022. A matéria prevê a abertura de crédito suplementar de R$ 16,9 milhões na Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), sendo R$ 6,1 milhões para o salário da categoria.
“Cabe esclarecer ao excelentíssimo senhor prefeito da cidade que nós, ACS e ACE nos reportamos aos colegas de trabalho, independentemente da posição hierárquica, de forma respeitosa inerente a boa relação as pessoas e principalmente a relação de trabalho. Respeito esse que não recebemos da atual gestão que se referiu a nós como “laranjas podres””, iniciou o pronunciamento a servidora com 12 anos de carreira.
Isabel confirmou que, na reunião da semana passada, ficou decidido por todos os agentes presentes na reunião realizada no Sintram que o vereador Roger Viegas (Republicanos) não retirasse o pedido de sobrestamento. Ela disse que, dentre os objetivos, está a compreensão total da matéria para nortear o movimento em busca do cumprimento dos direitos.
Relatando as atividades que os profissionais desempenham que, segundo ela, muitas vezes, oferecem risco a integridade física, tais como “quedas de laje, choque elétrico, contato com fezes de animais e humanos, animais peçonhentos, mordidas de cães”, listou os benefícios aos quais todos os concursados têm direito e que não estão sendo devidamente pagos.
“Funcionário concursado sem exceção tem direito a 5% de escolaridade a mais por cada uma exigida no cargo e a cada três anos passamos por avaliação de desempenho que também acrescenta 5% ao base do cargo”, listou.
Até abril desde ano, o piso da categoria era o mesmo da prefeitura em geral, de R$ 1642. Com a implantação do piso, passou para R$ 2.424. Eles querem que as progressões conquistadas sejam calculadas em cima deles. Para isso, querem a alteração do GH.
“Os anuênios que consistem em aumento de 2% em todo mês que o servidor completa mais um ano de exercício da profissão e a nossa insalubridade têm que ser em cima do base da categoria”, exemplificou.
A agente ainda criticou a postura do atual governo com os profissionais.
“A gestão atual, durante sua campanha a prefeitura, assumiu junto aos servidores o compromisso de valorização dos mesmos, que no caso de nós, ACS e ACE, não ocorreu. Nos sentimos ofendidos com o descaso a qual a categoria tem sido submetida de quando lutar pelo o que nos é de direto somos chamados de baderneiros, arruaceiros e laranjas podres. Merecemos respeito. Nenhum de nós está pedindo nada além do que é nosso por direito. Somos pais, mães e filhos que exercem suas funções dentro do que nos é oferecido como servidor”, disse.
Ela ainda disse que desde agosto, quando o projeto foi procotolado, os agentes buscam diálogo com o governo para alinhar o GH, porém não têm retorno.
Tratou o vídeo do prefeito como “tentativa desleal de tentar jogar a população contra os agentes”.
Sobrestamento
O vereador Roger Viegas (Republicanos) disse que aguarda a posição dos agentes que será definida em assembleia hoje, ás 18h, para definir se será retirado o pedido de sobrestamento.
Ele ainda questionou porque o prefeito colocou toda a abertura de crédito em um mesmo projeto.
“Por que colocou tudo junto? Não sou novato na política mais. Eu sei separar o joio do trigo. Ele (governo) mandou 16 milhões para serem votados às pressas. Eles (agentes) estão reivindicando direito que é a mudança do GH”, ponderou.