Até a manhã de sexta-feira (26) 78% dos leitos de UTI's estavam ocupados (Foto: Divulgação)

Secretaria de Saúde voltou atrás e trata o caso como suspeito; O paciente morreu no último sábado (11)

A família de Wanderson Araújo, de 45 anos, que morreu no último sábado (11) no Complexo de Saúde São João de Deus, em Divinópolis, espera uma resposta. O pai do paciente, Geraldo Magela Araújo, de 71 anos, contesta que o filho tenha morrido pela Covid-19. O atesta de óbito aponta insuficiência respiratória aguda. Ele era hipertenso e tinha diabetes.

O caso ganhou repercussão no mesmo dia da morte. A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) emitiu uma nota confirmando o óbito, a partir de atestado clínico, para o novo coronavírus. Dois dias depois, o órgão voltou atrás e trata o caso como suspeito, pois não houve material colhido para o exame laboratorial. No boletim atualizado, aparece apenas a morte da médica, de 46 anos.

A família aponta várias inconsistências nas informações divulgadas pelos órgãos, tanto pela Semusa como pelo próprio hospital. Entre as contestações, está a de que ele morava sozinho. Wanderson morava com o pai e a irmã.

Geraldo negou também que os familiares procuraram o hospital para relatar que ele havia apresentado sintomas para o vírus.

“A única coisa que ele teve de sintoma, antes de acontecer o problema de coronavírus no mundo, é falta de ar. Não teve nada, nem dor de cabeça, garganta inflamada, nem tosse, nem febre”, conta o pai.

Wanderson passou mal na noite de sexta-feira (10). Ele mesmo acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). “Ele estava sentindo falta de ar”, relembra o pai. Quando a equipe chegou, o paciente ainda estava consciente e foi andando sozinho até a ambulância. Segundo Geraldo – que esteve durante todo o momento com o filho, o estado se agravou quando ele entrou no veículo.

Geraldo acompanhou Wanderson até a Sala Vermelha. Enquanto o filho era atendido, ele preencheu o formulário na recepção e aguardou a posição médica.

“Eles me chamaram, veio as enfermeiras, o médico e me falaram: infelizmente ele não aguentou”, relata.

A informação repassada a ele, era de que o filho sofreu parada respiratória e que a pressão chegou a 20 por 4.

“Eles me falaram que não tinha nada de coronavírus”, afirma.

Velório

Em seguida, o corpo foi liberado para o Serviço Municipal de Luto. A orientação recebida por Geraldo era para que o velório não durasse mais de 6 horas devido as condições do corpo. Segundo ele, não houve nenhuma recomendação com a possibilidade de ser coronavírus.

O velório foi realizado na manhã de sábado (11) em Amadeu Lacerda – zona rural de Divinópolis, e durou cerca de 4 horas. Devido às condições do corpo, a família resolveu antecipar o sepultamento.

“Só quando estávamos acabando de sepultar que chegou o pessoal para limpar o local”, diz.

Segundo ele, o caixão não foi lacrado totalmente. A janelinha da parte de cima ficou aberta durante todo o tempo e em nenhum momento houve interrupção do velório. Ainda segundo ele, ninguém colheu dados das pessoas presentes.

Ele conta que foi chamado a voltar no hospital após o sepultamento e, que lá ele foi orientado a ficar em isolamento por 14 dias por precaução.

“Com o laudo médico na mão, tirei xerox, falei o seguinte, vocês estão falando que é coronavírus, mas vocês vão me dar outro laudo? Aí eles falaram que o que iria valer era o primeiro”.

Geraldo diz que quer apenas uma declaração confirmando a causa da morte e que seja divulgada a verdade.

Sem exame

A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) diz ter registrado o caso como suspeito porque o hospital não recolheu o material para exame. A partir de agora, a orientação é para que todas unidades hospitalares realizem o testes dos pacientes que morrerem com a suspeita da doença.

A assessoria do São João de Deus mantém a mesma posição da nota divulgada no sábado e diz que o hospital fará novo contato com a família para esclarecerem as informações.