Trinta e oito famílias de Divinópolis estão sem ter para onde ir. O prazo dado pela Prefeitura de Divinópolis para que saíssem dos imóveis terminou neste final de semana. Todas tinham direito ao benefício social “auxílio-moradia”. O município custeava o aluguel para aqueles que tiveram as casas demolidas para a construção de um conjunto habitacional no Alto São Vicente.
As famílias seriam beneficiadas pelo PPI Favela – programa do governo federal. Entretanto, ele não passou de promessa de dois governos. Tomado por impasses, terminou em janeiro o prazo para o município executar o projeto de moradias. Com os imóveis demolidos e sem o auxilio financeiro para o pagamento do aluguel, as famílias relutam em sair.
Este é o caso da Dona Isabel Cristina da Silva, de 63 anos. Ela vive no imóvel pago pela Prefeitura há quase sete ano. Ela é uma das que precisou deixar a antiga casa com a promessa de retornar para uma nova. Quase uma década depois, ela não sabe para onde ir.
“Eles não deram nenhuma justificativa explicando o motivo dessa desocupação. Minha casa ficava em área de risco. Na época, eles prometeram que me dariam uma nova e agora pedem para gente sair”, conta, acrescentando que vive com a nora e o neto.
Dona Isabel chegou até mesmo a ser sorteada pelo “Minha Casa, Minha Vida”. Ela ganhou um imóvel no conjunto habitacional Copacabana.
“Mas, abri mão porque a assistente social disse que eu não ia precisar, pois teria direito a casa do Alto São Vicente”, afirma.
Recadastramento
As famílias receberam o comunicado no dia 29 de março. No documento assinado pela diretora de habitação, Liliane Rios consta que houve uma análise social das famílias incluídas no programa com base na lei municipal 7.360/2011 que o regulamenta. Outra justificativa é o não recadastramento como solicitado em janeiro deste ano.
De acordo com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura, as notificações para desocupação dos imóveis foram encaminhadas para quem prestou informações incorretas ou inverídicas. A Prefeitura também estava, segundo a assessoria, pagando imóveis para até três pessoas de uma mesma família.
“Eram casas no Alto São Vicente que moravam até três núcleos familiares e que tiveram o imóvel demolido e a prefeitura está pagando três aluguéis quando ela devia pagar um. O titular continua recebendo”, explica a assessoria.
A Assessoria ainda informou que todas as famílias que tiveram os imóveis demolidos continuarão no programa. Ao todo, 62 pessoas estavam cadastradas no programa.
Dona Isabel disse que nenhum outro parente que morava com ela na época da desocupação do Alto São Vicente recebe o benefício. Apenas uma filha dela também tem direito devido à desapropriação para abertura de uma rua.
“Mas esta é outra casa, é uma casa da minha filha com documentação e tudo certinho, tanto é que minha filha nem recebeu a carta”, conta.
Nesta terça-feira (03) os moradores irão à Câmara Municipal buscar ajuda dos vereadores.