Acusação ocorreu após circularem áudios do vereador que sinalizam pressão contra coordenadora exonerada e “negociata” com o prefeito
O vereador de Divinópolis Flávio Marra (Patriota) acusou “protetoras” das causas animais de venderem vagas de castração no Centro de Referência de Vigilância em Saúde Ambiental (Crevisa). A acusação foi feita, nesta terça-feira (18/10), após repercutirem áudios dele e da coordenadora exonerada no último dia 11, Edimara Martins.
A exoneração provocou reação, principalmente entre entidades que atuam na causa animal. Algumas protetoras acompanharam a reunião ordinária de hoje da câmara e protestaram durante o pronunciamento do parlamentar.
Ao tentar se explicar, Marra insinuou que a revolta das “protetoras” é por que acabou o que chamou de “boquinha” no Crevisa.
“Tem muitas mulheres que fingem ser protetoras, mas a gente sabe que elas não são protetoras. O negócio deles gente, é que lá no Crevisa existe esqueminha de castração, que o Ministério Público já tem denúncia. É gente vendendo vaga. É protetor falando assim: aqui, arrumo para você lá. Na clínica é R$ 600, mas arrumo no Crevisa por R$ 500, por R$ 100, por R$ 200. A boquinha acabou. A próxima que for entrar lá para fazer gestão vai ter que fazer gestão. Não tenho medo de protetora que vem para a câmara, porque a boquinha acabou”, acusou.
Alegando que a coordenadora exonerada não atuou como devia, disse que, hoje encontrou 500 quilos de ração mofada no Crevisa. Com o tempo de pronunciamento esgotado, ele antecipou que os detalhes serão divulgados nas redes sociais.
Os áudios
Cinco áudios estão circulando nas redes sociais. Em um deles, Marra confirma ter retirado, a pedido do prefeito Gleidson Azevedo (PSC), a denúncia na Polícia Civil referente a mortes de cães no Crevisa e também o pedido de instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigaria, dentre as supostas irregularidades, a compra de sacos de rações de 25 quilos por R$ 300 pela prefeitura.
No mesmo áudio, ele diz que, embora tenha retirado, da “parte deles”, nada mudou. Afirma que está calado, mesmo com reclamações chegando, castramóvel parado, em seguida pressiona:
“Ou você começa, como gerente, começa a cumprir o acordo que a gente fez aí dentro da sua sala no Crevisa de me atender, como presidente da Comissão de Defesa Animal, por que quando você está me atendendo, você está atendendo a população de Divinópolis, ou cada um segue seu caminho e politicamente vai respingar demais em você, no Gleidson”, afirma no áudio.
Ele ainda deixa escapar que ficou “calado” na CPI da Educação, por “compromisso” com o prefeito. Marra foi crítico ao trabalho da comissão e chegou a acusar membros de uso político.
“Até a CPI da Educação estou calado até agora em compromisso que tenho com o prefeito”, declarou.
Em outro áudio, ele pede para Edimara parar de falar mal dele.
“Você não sabe, mas essa semana eles iam mandar você embora e eu te segurei. Você pode pegar esse áudio e mandar para o prefeito e perguntar para ele. Então para de falar mal de mim, para de me denegrir, para de queimar o meu filme”, disparou.
Na mesma linha, em outra gravação, ele diz que está cansado de ganhar “paulada” da ex-coordenadora.
“Vou te avisar uma última vez. Se você continuar fazendo assim, o prefeito me convidou para ser vice dele daqui dois anos, se continuar queimando meu filme a troco de nada, eu sou um cara que brigo pela causa animal todos os dias, todas as horas, se você continuar queimando meu filme assim, a troco de nada, vou falar com o prefeito e ele vai escolher ou eu ou você”, diz Marra.
Ao se justificar na tribuna livre da câmara, nesta terça (18/10), o vereador reafirmou que Edimara não “teve competência” para gerenciar o Crevisa. Citou que os problemas continuam, que ela foi nomeada para “fazer funcionar” e não o fez.
Sobre a retirada da denúncia na Polícia Civil e do pedido de CPI, alegou que, em conversa com o prefeito, decidiu dar uma chance com a nomeação da coordenadora.