Campeão de denúncias por quebra de decoro parlamentar, o vereador tem colecionado inimizades na câmara

Campeão de denúncias por quebra de decoro parlamentar, o vereador de Divinópolis, no Centro-Oeste de Minas Diego Espino (PSC) corre o risco de perder o mandato. O vereador Flávio Marra (Patriota) quer o “impeachment” do colega por vários fatores em decorrência da falta de ética.

A denúncia político-administrativa requerendo a formação de uma Comissão Processante (CP) foi protocolada nesta terça-feira (5/4) e deverá ser lida no expediente da reunião ordinária de amanhã. No caso em questão, pode ocorrer a cassação do mandato do edil, em processo similar a do impeachment.

Foram listados cinco fatos para sustenta-la, mas o principal e mais recente, ocorreu no dia 25 de março.

Na data, um assessor de Marra teria ido até a loja de conveniência, de propriedade do parlamentar, para pegar uma assinatura e enviar ao destinatário. Enquanto aguardava no hall de entrada, ele foi abordado por Espino que passava pela rua.

“Que de forma grosseira e arbitrária, questionou o que o assessor estava fazendo naquele local, já afirmando que ele, o assessor, deveria estar dentro do gabinete e não na rua”, relata a denúncia.

Ele teria acusado o assessor de estar trabalhando na loja de Marra como atendente de balcão. No momento do ocorrido, segundo a denúncia, o funcionário estava repondo mercadoria na geladeira do estabelecimento.

“Tal fato causou grave constrangimento ao assessor e grande indignação a clientes que estavam aguardando atendimento, sendo que ainda, o denunciante arbitrariamente filmou o assessor, o empregado da loja e cliente, sem qualquer anuência das partes, extrapolando a sua função de vereador, causando prejuízos ao comércio e mal-estar em todos os presentes”, consta no documento.

Marra alega que o vereador não tem respaldo para invadir um estabelecimento particular para fazer abordagens, acusações e filmagens, sem indício de irregularidade.

“Mesmo se houvesse, deveria acionar os órgãos competentes para que tomassem as devidas providências e não, agir de maneira desastrosa e inadequada ao decoro parlamentar, agindo completamente de modo incompatível com a dignidade de um representante da câmara”, diz na denúncia.

Marra cita outros fatos, como o caso que gerou repercussão estadual, classificada por ele como “malfadada invasão ao hospital” de Carmo da Mata.

Na época, o parlamentar entrou na unidade hospitalar denunciando ociosidade, enquanto outros hospitais estavam sobrecarregados. Entretanto, a Santa Casa não tinha credenciamento e estrutura para receber os atendimentos.
Espino também invadiu os estúdios da TV Candidés ameaçando o apresentador Eduardo Silva. O ato gerou nota de repúdio da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT).

“Além de embaraçar e desrespeitar o honorável e constitucional trabalho da imprensa, feriu mortalmente a ética e o decoro inerentes aos parlamentares, nitidamente abusou de suas prerrogativas constitucionais e das prerrogativas”, argumenta na denúncia.

Outro fato listado é quando os dois parlamentares quase se agrediram fisicamente. Na data, Espino acusou Marra e o presidente da câmara, Eduardo Print Jr (PSDB) de favorecimento na indicação de nomes para ocupar cargos terceirizados.

“Tal fato lamentável de um ser completamente desequilibrado e sem o mínimo de condições éticas e morais de exercer o cargo para o qual foi eleito, ocorreu no interior do plenarinho”, relata a denúncia.

Não parou por aí. Em janeiro deste ano, Espino declarou em plenário que “todos (vereadores) estão pendurados na teta e envolvidos em negociatas”. Na data, ele também precisou ser contido por seguranças. “Modo incompatível com dignidade da câmara e faltando com o decoro na sua conduta pública”, enfatiza.

Em outra ocasião reverberou que vai colocar todos os demais vereadores na cadeia, além de outros insultos e acusações, sem qualquer prova ou motivo aparente.

A denúncia deverá ser lida amanhã e colocada em votação dos parlamentares para recebimento ou não. É necessário o apoio da maioria simples. Se recebida, deverá ser formada a Comissão Processante para apurar. Após a conclusão dos trabalhos, o relatório será colocado em votação. Caberá aos parlamentares julgar pela cassação ou não do mandato de Espino.

“Inimizades”

Espino tem colecionado inimizades entre os vereadores. Já foram três denúncias na Corregedoria de Ética. Uma arquivada, a outra julgada improcedente e uma terceira assinada por nove parlamentares ainda está em tramitação. Ela também tem a assinatura de Flávio Marra, além de Eduardo Print Jr, Ademir Silva (MDB), Josafá Anderson (Cidadania), Lohanna França (PV), Ney Burguer (PSB), Roger Viegas (Republicano) e Zé Braz (PV).

Em contato com Espino, ele disse a reportagem do PORTAL GERAIS que a assessoria irá enviar uma nota. Tão logo recebamos, ela será publicada.