Flores foram levadas por moradores (Foto: Amanda Quintiliano)

Carregando tristeza, trajando indignação, dezenas de pessoas se reuniram em um ato de solidariedade na porta da lanchonete Amigão Burguer, no bairro Nossa Senhora das Graças, em Divinópolis, na tarde desta segunda-feira (20). O ato foi em apoio à família de Vera Lucia, de 44 anos, morta durante um assalto na noite deste domingo (19), enquanto trabalhava.

Flores foram levadas por moradores (Foto: Amanda Quintiliano)

Flores foram levadas por moradores (Foto: Amanda Quintiliano)

Entre as pessoas um misto de sentimentos. Medo, insegurança. Essas foram as palavras mais mencionadas por quem, em um pequeno gesto, buscava explicações e ao mesmo tempo cobrava punição para o que ocorreu. Em um ato de quem quer paz, moradores do bairro e de outras regiões da cidade levaram flores e cobriram a parede da lanchonete com palavras de carinho e indignação.

“Não podemos sentar na porta de casa. Meu filho trabalha a noite e eu não durmo enquanto ele não chega. A ousadia dos ladrões é grande. Eles entram em qualquer lugar a qualquer hora. Não respeitam ninguém. Chega! Estamos sendo tolerantes e a gota d’água foi a morte da Vera”, desabafou a moradora, Patrícia Marques.

Primeiro, foi formado um grande círculo na rua. Algumas pessoas lamentaram a morte da amiga, colega, vizinha, outras se indignaram e juntos todos oraram. O olhar de cada pessoa ou o abraço de conforto refletia o grito de quem já não suporta mais viver como refém da criminalidade. Em seguida, os moradores seguiram até a rua principal do bairro, onde aguardaram o velório passar.

Mais segurança por favor

Cartazes foram afixados na parede da lanchonete (Foto: Amanda Quintiliano)

Cartazes foram afixados na parede da lanchonete (Foto: Amanda Quintiliano)

O ato foi em sinal de paz e também para pedir mais segurança.

“Estamos numa região que a movimentação financeira, que veio com a vinda da linha da Azul, trouxe aumento do comércio e junto com ele a bandidagem. Estamos precisando deste apoio das autoridades para olharem para o nosso lado”, afirmou um dos moradores e jornalista, Adriano Silva.

Mas, não é apenas das autoridades que a comunidade quer chamar a atenção. O movimento também focou na mobilização da sociedade.

“Não adianta colocar o problema apenas no policiamento, a sociedade também precisa se mobilizar, fazer as denúncias, porque não aguentamos mais. Não podemos ficar reféns nas nossas casas”, ressaltou outro morador, Paulo Oliva.

Justiça

Vera deixa o marido e filhos, além de uma comunidade perplexa. Ela foi mais uma vítima do sistema falho, da violência desenfreada. Agora, as polícias Militar e Civil pedem a ajuda da população, de testemunhas e das famílias dos assaltantes para identifica-los e fazer o que o próprio capitão da PM, Eisenhower Guerck Austríaco resumiu em “justiça”.

“É uma desonra muito grande o que ele fez, um crime bárbaro, covarde […] Não pense que vai fazer isso e ficar impune nem que seja pelas mãos divina. A PM conta com o apoio de todos, não podemos deixar que um crime como este permaneça impune”, afirmou.

O capitão acredita que é possível a própria família dos suspeitos os identificarem por meio das roupas. O vídeo com imagens do momento do crime foi divulgado. Assista aqui.