Poliany Mota
Desde o início desta sexta-feira (06) os funcionários do Hospital São João de Deus (HSJD) estão oficialmente de greve, por tempo indeterminado. Segundo Denisía Aparecida da Silva, diretora do Sindeess (Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde), os servidores não aceitam um acordo de reajuste salarial sobre o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) menor do que 10%.
“Cerca de 400 funcionários entraram de greve. Todos os setores estão aqui. Apesar de todos os problemas que a gente enfrenta, como condições ruins de trabalho, falta de medicamento, de utensílios básicos, o que está causando divergência entre as partes é a questão dos 10% de ganho real e o ticket”, comentou.
O superintendente do Hospital São João de Deus, Afrânio Emílio Carvalho Silva, se pronunciou na manhã desta sexta-feira (06) sobre o estado de greve dos funcionários da instituição. Segundo ele o HSJD fez a proposta final de pagar, a partir deste mês, um reajuste do INPC de 5.63% sobre o salário base de todas as categorias dentro do hospital e um reajuste no ticket de 70 para R$ 100, valor máximo dentro da capacidade de pagamento da instituição, que segundo ele, gasta por mês com sua folha de pagamento, em torno de R$ 1.400 milhão, para um quadro de 1.487 funcionários.
“Não adianta o hospital fazer uma proposta e não conseguir cumprir esse compromisso”, “Na prática, mesmo com toda dificuldade do hospital, a preocupação com os colaboradores foi evidente, em cima das propostas que a gente reconhece e consegue cumprir”, comentou.
Afrânio disse ainda que foi à Brasília, na semana passada, em busca de recursos financeiros, na tentativa de atender o pedido dos funcionários. “Nós estivemos em todas as esferas, estadual, municipal e federal, para tentar um recurso novo, ou alguma coisa a mais em prol dos colaboradores, em virtude do cenário econômico da instituição”.
Sobre a quantidade de servidores em greve, o superintendente contestou o sindicato e afirmou que, com base no registro do ponto eletrônico, apenas 48 pessoas estão em greve. Já os grevistas rebateram os dados, dizendo que os trabalhadores registraram sua chegada ao hospital normalmente, o desqualifica o uso do ponto eletrônico como base para calcular os participantes.
Atendimento
Assim que anunciaram a greve, os trabalhadores ressaltaram que seria cumprida a escala mínima de 30% do efetivo para realização dos serviços essenciais. Embora tenha dito que foram poucos os colaboradores que aderiram ao movimento, o superintendente falou que em algumas áreas será necessário restringir o atendimento. “Em algumas áreas provavelmente nós teremos que restringir o atendimento, talvez alguns procedimentos seletivos, aqueles que podem aguardar, isso ainda tem que ser estudado. Caso se estenda, aí infelizmente nós vamos ter que dar tempo ao tempo, não é o objetivo do hospital”, explicou.
Negociações
Afrânio ressaltou que o hospital está aberto a negociações a qualquer momento. Já os grevistas disseram que tentarão buscar um intermediário para auxiliar na negociação entre as partes.