receita sobre pix
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Decisão ocorre após repercussão negativa e onda de desinformação; MP será editada para garantir gratuidade e sigilo do Pix

O governo federal recuou e revogou a norma da Receita Federal que determinava o monitoramento das movimentações financeiras, incluindo o uso do Pix. Essa decisão ocorreu após uma grande repercussão negativa e uma onda de fake news.

O secretário da Receita Federal, Robison Barreirinhas, confirmou a revogação após uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto.

“Nos últimos dias, pessoas inescrupulosas distorceram um ato da Receita, causando pânico. Apesar de todo nosso trabalho, esse dano continua. Por isso, decidi revogar esse ato”, afirmou Barreirinhas.

Além disso, a norma exigia que operadoras de cartão de crédito, carteiras digitais e fintechs informassem à Receita Federal dados sobre movimentações financeiras acumuladas acima de R$ 5 mil por mês para pessoas físicas.

Antes dessa medida, essa obrigatoriedade se aplicava apenas aos bancos tradicionais. Como resultado, a medida gerou temor, especialmente entre trabalhadores informais e autônomos.

Pix não será taxado

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou que o governo editará uma Medida Provisória (MP) para garantir a isenção de taxa sobre o Pix.

“A MP equipara pagamento com Pix a pagamento em dinheiro e Lula está prestes a assinar uma MP para reforçar a gratuidade e sigilo do Pix”, completou.

Assim, a MP garantirá que não haja cobrança de valores diferentes entre pagamentos em dinheiro vivo e via Pix.

Em consequência disso, Haddad criticou a propagação de fake news, dizendo.

“Não queremos que as fake news contaminem a discussão sobre o que está na lei. Queremos discutir o texto de lei, mas inventar pretextos para manipular a opinião pública não vai funcionar.”

O ministro, portanto, ressaltou que a revogação da norma visa evitar distorções e minimizar os danos causados pela propagação de informações falsas.

“Essas pessoas vão ter que responder pelo que fizeram”, declarou Haddad.

Ademais, o advogado-geral da União, Jorge Messias, também se pronunciou, destacando que a MP tem o objetivo de “blindar o Pix de mentiras”.

“Em razão desses crimes e golpes, determinamos que a AGU notifique a Polícia Federal para abrir um inquérito e investigar os responsáveis pela desinformação”, afirmou Messias.

O que diz a norma

A norma que gerou a polêmica visava, entre outras coisas, ampliar a fiscalização sobre as movimentações financeiras, exigindo que a Receita Federal recebesse informações sobre transações superiores a R$ 5 mil, seja via Pix, TED ou cartão de débito.

Além disso, fintechs também precisariam repassar essas informações. Nesse sentido, a Receita Federal garantiu que o objetivo da medida era combater grandes sonegadores, não monitorar pequenos empreendedores ou trabalhadores informais.

A alteração no limite de movimentação dos bancos tradicionais subiu de R$ 2 mil para R$ 5 mil, e as fintechs passaram a ser obrigadas a informar os dados. Para pessoas jurídicas, o limite aumentou de R$ 5 mil para R$ 15 mil.

Por fim, a polêmica ganhou força após a divulgação de um vídeo do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que sugeriu que o governo poderia, no futuro, taxar as transações via Pix.

O vídeo, por sua vez, teve mais de 100 milhões de visualizações no Instagram e alimentou o clima de desinformação.

“O governo Lula vai monitorar seus gastos. O Pix não será taxado, mas não duvido que isso possa acontecer”, afirmou Ferreira no vídeo, criticando a medida e apontando que trabalhadores seriam os mais afetados pela fiscalização.

Dessa forma, a situação gerou um debate acalorado nas redes sociais, com muitos usuários expressando preocupação sobre a privacidade e a liberdade financeira.

Em vista disso, a decisão do governo de revogar a norma e editar uma MP reflete a tentativa de restaurar a confiança da população no sistema de pagamentos e esclarecer as intenções por trás das medidas fiscais.