A superlotação da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA – 24 horas) de Divinópolis, reflexo da dificuldade de se encontrar leitos na região Centro-Oeste deve piorar a partir de agosto. O Hospital São João de Deus deverá reduzir ainda mais as Autorizações de Internações Hospitalares (AIH), em outras palavras, os atendimentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Essa seria uma das alternativas antes de dar prosseguimento ao processo de extinção.
O estudo para a redução já foi determinado pela superintendência do hospital. Ainda não se sabe em números qual será o impacto. Os dados deverão ser revelados em uma reunião pré-agendada para o dia 11 de agosto quando representantes de outros municípios da região também deverão participar. Até lá, o hospital e lideranças correm contra o tempo para agendarem reunião com o Estado.
Para manter os atuais AIH, cerca de 650, o hospital precisa da assinatura do novo contrato. O acordo formal foi assinado em janeiro deste ano, entretanto a Secretaria de Estado de Saúde (Ses) não deu sequência para a liberação dos recursos. A recontratualização significa pagar mais pelos procedimentos do SUS, ou seja, o hospital só recebe mediante a prestação do serviço.
Justificativas
O risco de extinção da Fundação ainda não foi descartado (Foto: Amanda Quintiliano)
Inicialmente, a justificativa do Estado era a troca do secretariado. Dois meses após a nova nomeação ainda não há expectativas de quando este contrato será assinado. Fontes do PORTAL ligadas à superintendência afirmaram que as imposições do Estado, como a conclusão de uma perícia do Ministério Público não passam de “boatos” como pano de fundo para esconder o real motivo da “enrolação”: a falta de recursos.
Representantes do São João de Deus e de outros 16 hospitais filantrópicos do Centro-Oeste se reuniram em Candeias. Na pauta a dificuldade financeira. Todos estão com recursos atrasados para receber por parte do Estado. Na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) deputados tentam se mover, mas a única resposta é o orçamento comprometido. A determinação é clara: “corte de gastos”.
Atendimentos
Com redução dos atendimentos a superlotação da UPA pode piorar (Foto: Amanda Quintiliano)
Por dia o Sistema de Regulação do Sus Fácil registrada cerca de 300 pedidos de internação dos 55 municípios que compõem a macrorregião Oeste. A UPA recebe pacientes de quatro cidades: Divinópolis, Carmo do Cajuru, São Sebastião do Oeste e São Gonçalo do Pará. Passam diariamente por lá cerca de 350 pessoas, destas, 50 aguardam transferência para hospitais, sete geralmente para Centro de Terapia Intensiva (CTI).
Extinção
O risco de extinção da Fundação Geraldo Corrêa ainda é eminente. O promotor Sérgio Gildin aguarda para esta semana a tão esperada reunião com o secretário de Estado, Sávio Cruz. O agendamento ficou sob a responsabilidade dos deputados federais Domingos Sávio (PSDB), Jaime Martins (PSD) e dos estaduais, Fabiano Tolentino (PPS) e Fábio Avelar.
Após este encontro será marcada a reunião com os irmãos da Ordem Hospitaleira. Eles aguardam os ajustes do contrato para definirem se haverá o pedido de extinção. Independente disso, eles já demostraram interesse em se afastarem da Fundação. Neste caso, eles apenas deixam o conselho e novos membros são definidos, não alterando em nada o funcionamento do hospital.
A perícia realizada no São João de Deus foi a pedido do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiças e Defesa da Saúde e também do promotor Ubiratan Domingues. O relatório apontará a situação assistencial e financeira da unidade.
“Embora tenha ocorrido uma redução do endividamento chegou-se ao limite do processo de gestão. Não é possível mudar mais este quadro. Então estamos atualizando esses dados”, explica Gildin.
O déficit anual do hospital caiu dos R$ 23 milhões para R$ 11 milhões. Já a dívida chega a mais de R$ 120 milhões.
