![Ignorância ou mau-caratismo?](https://portalgerais.com/wp-content/uploads/2024/11/laiz-soares-910x512.webp)
Bom, caros leitores, se achávamos que teríamos paz nesta semana, o plano foi por água abaixo. No último fim de semana, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) e seu irmão quase gêmeo, deputado estadual Eduardo Azevedo (PL), mas igual nas picaretagens, postaram um vídeo dizendo que o governo federal estava doutrinando e atacando os colégios militares via material didático. À primeira vista, pensei que poderia ser outra picaretagem de cunho sexual como o “kit gay”, que nunca foi comprovado. Pasmem: dentre outras coisas, o governo considerou o golpe de 1964 como “golpe”. Isso contrariou os lunáticos que, ao que tudo indica, estão sem assunto.
Vamos lá: o material é fornecido às escolas conforme autorização do Ministério da Educação (MEC) e está de acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ou seja, um conjunto de normas que é seguido desde o governo FHC, até, inclusive pelo governo Bolsonaro.
Na sequência de absurdos, os patetas falam que o golpe de 1964 (contra o presidente João Goulart) nos salvou do comunismo e que, “sem a revolução”, nós estaríamos igual a Venzeuela. Estávamos igual o nosso país vizinho em 2022: a semelhança era um povo enfraquecido por governos corruptos e autoritários e correndo atrás de caminhões de lixo e filas de ossos.
Além disso, nos materiais, falava-se que o Nazismo e os regimes autoritários da Segunda Guerra Mundial foram de direita – segundo os gênios divinopolitanos e “graduados em História pelo Partido Liberal”, Hitler era de esquerda porque o seu partido tinha “socialista no nome”, apesar de perseguirem comunistas. E eles falaram isso mostrando uma foto de Benito Mussolini, líder italiano, apontando que seria Hitler. É de chorar!
Voltando ao tema da ditadura militar no Brasil, eu me recuso a acreditar que esses dois sujeitos achem mesmo que tanta gente que foi torturada e violentada, inclusive crianças, era bandido. O filme sucesso de bilheterias e aclamado internacionalmente “Ainda estou aqui”, protagonizado por Fernanda Torres, detalha a prisão arbitrária de qualquer pessoa contra o regime, desaparecimento de civis e tortura, inclusive, de suas famílias.
Eu convido eles, como exercício de contraprova, a pensar em como seria se o governo Lula torturasse cada pessoa presa nos atos de 8 de janeiro, por quem eles pedem anisitia todos os dias, religiosamente. Em 1964, não precisava fazer aquela quebradeira toda para ser preso, torturado e, quiçá, morto.
Bom, ao analisar a história brasileira pós-ditadura, eles pulam para a parte dos governos Lula e Dilma, a quem nunca poupei críticas pelas discordâncias econômicas e políticas. Eles fazem uma análise chula contra a gigantesca corrupção ocorrida, inegavelmente, mas segundo uma ótica de quem não estava muito ligado nas notícias da época. Acredito que eles estavam no varejão esperando a hora do povo se cansar dos políticos atuais para entrarem em campo fazendo barulho e sem ter proposta. Com um irmão entrando na política de cada vez, nenhum de nós imaginou que saíria tão caro aos nossos bolsos. Para que trabalhar tanto no varejão se podem ganhar mais trabalhando menos? Eu tenho dó é do povo que mais precisa dos políticos.
Enfim, eu concluo esse texto repudiando veementemente as falas do deputado e senador e, sinceramente, espero que essa tenha sido mais uma gota no copo da frustração que nosso povo enfrenta com esse grupo. O senador e o deputado, como nossos representantes do poder Legislativo, poderiam fiscalizar, sobretudo, nossa cidade. Aqui, quem assume os “BOs” é a vice-prefeita e o irmão deles, o prefeito, fica de estepe para as palhaçadas e canalhices do grupo.
O meu desejo é de que a Educação no nosso país funcione para que políticos como os Azevedo, os crápulas em quem eles se inspiram e suas cópias malfeitas sejam varridos dos espaços de poder.
*Laiz Soares escreve semanalmente neste espaço.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do PORTAL GERAIS.