O Movimento Sindical Unificado de Divinópolis contra a Reforma da Previdência, criado em fevereiro para mobilizar e chamar a atenção da população ante os efeitos que poderão atingir a todos os trabalhadores com a aprovação da Proposta da Emenda Constitucional (PEC 287/2016), nos moldes propostos pelo governo, continua se reunindo todas as segundas-feiras. O Movimento, formado por 14 dos maiores sindicatos com representações em Divinópolis e toda a região, acredita que somente a mobilização popular pode reverter a intenção do governo em aprovar uma
medida extremamente danosa para a classe trabalhadora.
“Não é preciso ser um especialista em Previdência, para saber que o governo quer cobrar do cidadão uma conta cuja responsabilidade é do próprio governo e da corrupção que vem saqueando os cofres públicos nos últimos anos. O
trabalhador, que já paga uma das mais altas cargas tributárias do mundo, também paga um preço muito alto pela irresponsabilidade política e mais uma vez o governo quer jogar mais essa para o cidadão”, afirma Alberto Gigante
Quadros, diretor jurídico do Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Divinópolis e Região Centro-Oeste (Sintram).
“Se o trabalhador não se mobilizar agora a reforma da Previdência será aprovada e depois não há como
remediar o grande prejuízo com os cortes de direitos adquiridos”, acrescenta.
Nesta quarta-feira (19/04) o relator da Reforma da Previdência, deputado Arthur Oliveira Maia (PPS-BA), apresentou seu relatório, trazendo algumas mudanças sobre o texto original. Foi fixada a idade mínima de aposentadoria em 62 anos para as mulheres e em 65 anos para os homens após um período de transição de 20 anos. Ou seja, o aumento seria progressivo, começando em 53 e 55 anos, respectivamente, na data da promulgação da emenda.
O texto mantém em 25 anos o tempo mínimo de contribuição para acesso aos benefícios, o que, segundo deputados da oposição, dificulta as aposentadorias de pessoas de mais baixa renda que costumam se aposentar por idade com os 15 anos de contribuição atuais. O benefício será igual a 70% da média de salários, o que é maior que os 51% propostos no texto original.
Após 25 anos de contribuição, cada ano seria contado a mais, possibilitando a obtenção de 100% da média aos 40 anos de contribuição e não aos 49 como antes.
Para Alberto Gigante, as mudanças são tímidas e pouco vão alterar o resultado final da proposta.
“As modificações no texto original são um pequeno avanço e indicam que a pressão que vem sendo exercida pela população já gerou resultados. Mas, o que mudou ainda é muito insignificante diante do tamanho do estrago para todos os trabalhadores que a proposta vai produzir. Por isso a mobilização precisa continuar, até que se chegue a um texto que não seja tão danoso para o trabalhador”, analisa.
IGREJA
Na última segunda-feira, o Movimento Sindical Unificado voltou a se reunir para tratar da greve geral marcada pelas Centrais Sindicais para o próximo dia 28. A paralisação de um dia tem por objetivo protestar contra a corrupção e as reformas da Previdência e Trabalhista. Em Divinópolis, a greve geral será marcada por uma grande concentração às 15h, na Praça da Catedral, seguindo-se uma caminhada pelas principais ruas do Centro. De acordo com Alberto Gigante, os organizadores estão otimistas “pois as manifestações de apoio contra as reformas ganham força todos os dias, o que leva o governo a sucessivos recuos”.
A grande novidade dessa semana, foi a adesão oficial da Igreja Católica de Divinópolis ao Movimento Sindical Unificado. Uma representação do Movimento se reuniu com o bispo diocesano, Dom José Carlos Souza Campos, ocasião em que oficializou ao chefe da Igreja na cidade sobre as atividades do movimento e reforçou o pedido de apoio. Na ocasião Dom José Carlos reafirmou a posição contrária da Igreja às regras contidas na proposta de reformas apresentada pelo governo.
O bispo assegurou aos sindicalistas que a Igreja de Divinópolis irá incentivar os fiéis a participarem da manifestação do dia 28, por entender que o povo deve opinar sobre assuntos políticos que retiram direitos sociais adquiridos.