O procedimento não funcionou e o bebê nasceu de oito meses; A mulher usava quartos de hotéis para fazer os abortos

Luciane Fernandes Ferreira, de 37 anos, está sendo acusada de realizar mais de 200 abortos clandestinos, em Belo Horizonte. Os procedimentos ocorriam em quartos de hotéis, após a estudante universitária atrair as clientes com anúncios, através das redes sociais.

Vítima no Centro-Oeste

Conforme reportagem veiculada pelo Fantástico, da Rede Globo, neste domingo (06), as clientes eram de diversos estados, como São Paulo e Rio de Janeiro. Uma delas, é uma jovem, de 22 anos, de Formiga, que realizou o procedimento. Porém, ela começou a sentir dores e procurou ajuda no hospital.

Tanto ela, como a filha, que nasceu com seis semanas de antecedência de gestação, foram encaminhadas, pelo Samu, em estado grave para a Santa Casa da cidade.

“Eu falei para ela que estava sentindo dor. Uma dor normal assim. Aí, se eu podia tomar remédio pra dor, ela falou que podia. Só que estava doendo muito”, disse a paciente para a reportagem.

De acordo com os médicos, o bebê segue em estado estável, porém, sem previsão de alta.

Procedimentos

Para atender as clientes, as quais algumas eram naturais até de outros países, como Portugal e Espanha, Luciane oferecia um atendimento organizado, com horários marcados e discrição. Para as pacientes, ela pedia o ultrassom mais recente e exigia que todas se hospedassem no mesmo andar, para facilitar o serviço, sem que funcionários e proprietários desconfiassem. A justificativa do procedimento ser feito em hotéis, era a fácil localização, caso ocorresse algo com a estudante ou com as gestantes.

A estudante possuía até uma tabela de preços, a qual o preço aumentava, de acordo com o período de gestação. Os serviços variavam entre R$3 mil e R$8 mil e com o lucro que obtinha, a investigada ostentava uma vida de luxo.

Segundo a Polícia Civil, Luciana utilizava medicamentos injetáveis, direcionadas no ramo veterinário para dilatar as tetas de vacas para a ordenha. Os remédios, que eram usados com a promessa de um resultado imediato nos abortos, possuem restrição, até no meio animal, devido aos efeitos colaterais. A PC também investiga a origem dos remédios.

Em três anos, Luciane fez cerca de 200 abortos em 24 hotéis de Belo Horizonte e da Região Metropolitana da capital mineira.

Prisão

Em um dos hotéis, Luciene foi presa em flagrante, no mês de setembro. Ela estava em um quarto, com clientes que estavam prestes a tomar os medicamentos abortivos.

Luciane ficou presa durante 21 dias e responderá o processo em liberdade, devido a alegação da própria, que dizia precisar cuidar do filho, de seis anos de idade.

Ela é acusada pelos crimes de aborto provocado com o consentimento da gestante e manipulação de medicamentos, sem a certificação da Anvisa.

Foto de capa: Reprodução/TV Globo