Amanda Quintiliano
Atestado médico e férias. Essas são as duas alegações usadas pelo gerente de Esportes, da Secretaria Municipal de Esportes e Juventude de Divinópolis, Matheus Costa para justificar os mais de 45 dias sem aparecer para trabalhar. As ausências foram relatadas, nesta segunda-feira (25), com exclusividade pelo PORTAL. As argumentações foram, em partes, desmentidas pelo secretário da pasta, Bernardo Rodrigues.
Em junho deste ano Matheus apresentou atestado médico de 30 dias após fazer uma cirurgia no olho. Desde o vencimento do prazo ele não retornou para trabalhar. À reportagem do PORTAL ele disse que só poderia voltar às atividades após passar pela perícia do INSS, o que teria demorado mais 45 dias. Quando o atestado foi suspenso ele entrou com um pedido de férias.
“Tive que resolver problemas de caráter particular, fiz um pedido de férias, porque eu tinha algumas acumuladas, e eles alegaram que eu não estava dentro do prazo, só que eu tinha que tirar esse tempo”, justificou.
Matheus disse que completará quatro meses sem receber pela Prefeitura. Mas, levando em consideração a data do atestado até hoje, dariam três meses contando com a folha de agosto.
“Abri mão desse meu pagamento, entendi a advertência, tanto é que vai completar o quarto mês que eu não recebo pela prefeitura. Estou dentro da legalidade o que me dá tranquilidade para conversar com você ou com qualquer outra pessoa da imprensa. Se eu tivesse recebido, aí sim eu estaria ilegal”, argumentou, acrescentando que tudo foi documentado.
Levantamento
De acordo com um levantamento feito pela reportagem do PORTAL, até o momento não houve nenhum corte na remuneração do gerente. Em junho, ele teria recebido R$ 6.000,60 e em julho R$ 3.152,20, conforme dados da página “Acesso a Informação”, da prefeitura. A consulta foi feita com base no número de matrícula.
O salário base de um gerente é de R$ 3,5 mil, ou seja, em junho ele teria recebido quase o dobro do valor. A reportagem tentou acesso à folha de maio, mas não conseguiu por meio do Portal da Transparência. Até o fechamento desta matéria a Secretaria de Administração não confirmou as informações.
No período de junho – mesmo mês em que Matheus apresentou o atestado – as postagens feitas por ele na página dele no Facebook mostram uma vida bem ativa. Sem poder ir trabalhar, ele não deixou de frequentar as baladas e nem a academia. Frequentadores de uma partida de futebol, realizada entre amigos, também confidenciaram à reportagem que ele não se ausentou dos jogos.
Aparando as arestas
Na manhã desta terça-feira (26) o secretário da pasta se reuniu com o gerente para definirem o impasse das férias. Bernardo disse que Matheus não apresentou o pedido dentro do prazo e não o teve autorizado. Ou seja, se ele estava de férias não tinha permissão. Ele ainda confirmou que o atestado do comissionado foi de junho e que após o vencimento ele não retornou para trabalhar e nem apresentou nova solicitação de afastamento médico.
Hoje, o secretário deverá participar de uma reunião no gabinete do prefeito, Vladimir Azevedo (PSDB) para discutir a situação. O encontro estava marcado para ontem com o secretário de governo, Honor Caldas, mas foi desmarcada. Bernardo ainda reforçou que as advertências foram feitas e as ausências comunicadas a Secretaria de Administração e também ao gabinete do prefeito.
Ontem, o secretário de Administração, Beto Machado disse que os dias não trabalhados por Matheus foram cortados na folha de pagamento deste mês, que será paga nos próximos dias.
