Reação foi após críticas à proposta de redução salarial e ser chamado de “alcoólatra e viciado em cocaína”

Virilizou pelas redes sociais um áudio do presidente da Câmara de Divinópolis, Rodrigo Kaboja (PSD) chamando “alguns vereadores de bandidos”. A agravação é em resposta às críticas que vem sofrendo após apresentar projeto, classificado por alguns como “populista”, para reduzir os subsídios dos parlamentares dos atuais R$12,1 mil para R$1.045 – o equivalente a um salário mínimo.

Um dos comentários foi feito por um internauta e também, rapidamente, viralizou pelas redes sociais. Nele, ele acusa o presidente de ser “alcoólatra e viciado em cocaína”. No áudio, Kaboja afirma que tem parlamentares por trás da postagem.

“Isso aí tem vereador por trás, bandido, é bandido. E vai votar é quinta-feira e quero ver quem tem peito. Os vereadores, tem alguns ali, que são bandidos, bandidos, bandidos e eu vou fazer um vídeo agora chamando eles de bandidos. Bandido! Agora é uma guerra. Eu contra alguns elementos ali dentro. E o projeto vai ser aprovado, eles tem que respeitar a minha família. Eu não mexo com cocaína não rapaz, não mexo com cocaína nenhuma não. Eu sou gente do bem, pessoa idosa. Sou uma pessoa mais bem feitora de Divinópolis e pode soltar aí que tem vereador bandido, bandido”, afirma em um áudio de 54 segundos.

Em outro áudio, ele diz que as reações são devido à Mesa Diretora ter apresentado o projeto de redução salarial. O presidente ainda antecipa que essa será apenas uma das medidas de contenção de despesas.

“Isso é só uma medida porque serão várias medidas duríssimas porque com uma pandemia dessa, em que as pessoas não têm sequer o que comer, o desemprego é tamanho, as pessoas não dão conta de pagar água, luz. Comerciantes quebraram. Então temos que dar o exemplo. Apresentei o projeto, será votado quinta-feira, às 08h”, afirmou.

Kaboja ainda disse que a repercussão é fruto “de alguns vereadores que querem enriquecer com o dinheiro público”.

A postagem foi apagada do Twitter.

 

Vereador solidário

O líder do Executivo, o vereador Eduardo Print Jr. (PSDB) tratou a situação como “delicada”. Criticou os ataques sofridos por Kaboja e disse haver uma “fome de agredir o próximo”.

“Deus inventou a internet e o capeta o WhatsApp. Estou muito chateado, porque a gente desvaloriza um trabalho árduo que é ser vereador”, declarou.

Afirmou que os comentários agressivos é reflexo dos políticos.

“O político vai nas redes, grita, esperneia, faz tudo para ganhar popularidade. É reflexo desses políticos”, enfatizou, dizendo, que o bom político está em extinção.

“Os que fazem a cidade crescer está em falta. Os que fazem reuniões em busca de soluções”, avaliou.

O líder, que chegou a apresentar proposta em 2018 para zerar os subsídios e reduzir as reuniões ordinárias de duas para uma, afirmou ser a favor da redução salarial.

“Com a redução vai ser vereador quem ama Divinópolis, que está disposto a fazer a crescer.  Por mim ele zerava o salário com uma reunião semanal, mas a minha proposta era inconstitucional por ser zero”, comentou.

Pedido de cassação

O vereador Edsom de Sousa (Cidadania) emitiu nota de repúdio contra os áudios. Disse que tomou conhecimento deles após diversas ligações telefônicas ainda na manhã desta sexta-feira (17).

“Nos áudios, além de palavras de baixíssimo calão e impróprias, o Vereador imputa uma série de acusações graves aos demais vereadores e colegas de trabalho”, afirma Sousa.

Mediante ao que chamou de “graves acusações”, ele cobrou de Kaboja um comunicado público esclarecendo quais são os “vereadores bandidos” e as provas que comprovem a declaração. Ele ainda questiona o nome dos parlamentares que teriam enriquecido com dinheiro público.

“É imprescindível tais respostas aos meus questionamentos, pois, ao depender destas, seja pelo conteúdo da resposta ou pela política do silêncio, tomarei as devidas providências, inclusive se necessário com um pedido de impeachment por quebra de decoro parlamentar”, afirmou.

Ao mesmo tempo, Sousa foi solidário ao presidente quanto aos ataques sofridos.

“Defendo a verdade e a transparência, sobretudo neste momento de transformação que estamos vivendo, precisando e tirando os bandidos da rua, principalmente aqueles que se mascaram de autoridade pública”, finalizou.

Essa é a segunda vez que Kaboja propõe a redução salarial. A primeira foi atacada em 1989. A reportagem do PORTAL GERAIS tentou contato com o presidente da câmara, mas as ligações não foram atendidos até o fechamento desta matéria.