Estado alega que as ocupações superiores a 100% podem ser explicadas por atrasos no lançamento de altas médicas ou dos novos leitos habilitados no SUS Fácil
Portal Gerais com informações
do Coronavirus-MG.com.br
Números divulgados oficialmente apontam que Minas Gerais vive uma situação relativamente confortável na gestão da pandemia, em relação a outros estados, com 69% das vagas de UTI ocupadas na rede pública. Por outro lado, dados publicados pelo governo na última quarta-feira (20) indicavam uma sobrecarga de entre 100% e 136% em seis das 14 macrorregiões de saúde, dentre elas a Oeste que tem como polo Divinópolis.
O levantamento foi realizado pelo Coronavirus-MG.com.br. Após o projeto questionar os dados, eles foram apagados do sistema e não voltaram a ser disponibilizados. No mesmo dia, o governador Romeu Zema (Novo) havia divulgado a liberação de 656 novos leitos de UTI.
O Coronavírus-MG.com.br coletou as informações antes de serem ocultadas da página oficial. Elas revelam que quatro das regiões saturadas são as que menos receberam e habilitaram novos leitos desde fevereiro, período utilizado por Zema como referência ao anunciar a expansão da rede assistencial. São elas: Jequitinhonha (Diamantina), Nordeste (Teófilo Otoni), Oeste (Divinópolis) e Triângulo Norte (Uberlândia).
O governo vem se apoiando no percentual de leitos ocupados na rede pública como indicador fundamental na gestão da crise e na reabertura econômica.
Após os questionamentos, a Secretaria de Saúde (SES) alegou que não há casos registrados de pacientes transferidos entre regiões do estado, e que as ocupações superiores a 100% poderiam ser explicadas por atrasos no lançamento de altas médicas ou de leitos já habilitados no sistema SUS Fácil MG, utilizado para calcular as taxas.
Região de Divinópolis
O plano de contingência da macrorregião Oeste previa a abertura de novos 89 leitos para atender 54 municípios. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (SES), a região, até então tinha, 165 leitos de UTI divididos entre a rede pública e suplementar.
Os leitos serão abertos nas seguintes cidades: Bom Despacho (20), Campo Belo (11), Cláudio (2), Divinópolis (27), Formiga (15), Itaúna (2), Lagoa da Prata (05), Luz (02), Nova Serrana (06), Oliveira (04), Pará de Minas (06), Santo Antônio do Amparo (01) e Santo Antônio do Monte (08).
Segundo os dados do dia 20 de maio, havia 124 pessoas internadas na macrorregião Oeste, cinco com Covid-19, o número excedente era de 11. De abril para maio, a macrorregião pulo de 109 leitos pelo SUS para 113, lançados no sistema.
Especificamente em Divinópolis – sede da macrorregião, segundo o boletim mais recente, Divinópolis está com 58,90% dos leitos disponíveis pelo SUS ocupados. Dos 56, 33 estão com pacientes por causas diversas. O número não considera os disponíveis em outros municípios da macrorregião. Eles não foram informados.
Entenda os números
Segundo o anúncio feito pelo perfil de Zema no Twitter, Minas Gerais passou de 2.013 leitos de UTI no sistema público de saúde, em fevereiro, para 2.669 unidades habilitadas até o último dia 20. Destas, 2.555 estão oficialmente cadastradas no SUS Fácil MG, sistema a partir do qual é calculada a taxa de ocupação geral no estado.
Na quarta-feira (20), a SES publicou durante alguns instantes os dados desagregados por macrorregião de saúde. Foi divulgado também o número absoluto de pacientes internados em cada região, possibilitando assim o cálculo da quantidade de leitos cadastrados em cada uma delas, e também dos leitos supostamente habilitados e ocupados nas divisões administrativas que ultrapassavam a capacidade máxima de atendimento.
Os números indicavam ocupações “acima de 100%” nas seguintes regiões: Triângulo Norte (136%), Jequitinhonha (130%), Vale do Aço (112%), Oeste (110%), Nordeste (105%) e Leste (103%). Cinco áreas já registravam 10% ou mais de UTIs ocupadas especificamente com pacientes em tratamento da Covid-19, entre elas Nordeste (15%), Vale do Aço (11%) e Jequitinhonha (10%).
No extremo oposto, somente três regiões registravam menos de 80% de ocupação total: Leste Sul (64%), Norte (63%) e Centro (36%) – a região Central, sozinha, tinha 577 leitos de UTI desocupados.
Provedores não lançam novos leitos
Em nota a Ses esclareceu que, “ao publicar as taxas de ocupação na plataforma BI é possível que algumas regiões apresentem índices acima de 100%, uma vez que o extrato dos dados do dia é retirado às 23h59 e, as altas dadas pelos médicos costumam ser feitas no período noturno (período em que é comum haver trocas de turno). Até que a alta dada seja efetivamente lançada em sistema, é possível que seja necessário algum tempo, o que pode gerar esse tipo de distorção”.
Ainda segundo a Ses, de forma geral se considera, contudo, que taxas acima de 90% sejam dadas como ocupação praticamente total dos leitos. Por essa razão é que se considera o percentual da taxa de ocupação como indicador e não necessariamente, o número absoluto de leitos, uma vez que as internações e as altas se dão em caráter dinâmico.
Além disso, a Secretaria afirmou que está atuando de forma incisiva mobilizando os prestadores hospitalares para que os mesmos cadastrem os leitos no Sistema de regulação utilizado pela SES-MG, o SUS-fácil. “Isso porque há algumas macrorregiões, como, por exemplo, a do triângulo do norte e a oeste, em que os estabelecimentos já haviam implantado novos leitos, mas que ainda não haviam cadastrado os leitos no sistema, o que ocasionou em altas taxas de ocupação. Deste modo, eles estão realizando as internações, mas as mesmas não aparecem no SUS-fácil”.
Segundo a Ses, “as regiões que estão com as maiores taxas de ocupação são exatamente as que abriram novos leitos e não os cadastraram no SUS fácil”.
“Em razão disso, e com o intuito de adequar o sistema e apresentar uma informação coerente com a realidade das internações, a SES está aguardando que essas atualizações sejam realizadas para poder oferecer uma informação mais completa sobre os leitos”.
“Por fim, é importante ressaltar que Minas Gerais alcançou 100% da pontuação no “Ranking de Transparência da Covid-19”, da Open Knowledge Brasil (OKBR)”, concluiu a Ses.