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Foto: Divulgação/Prefeitura de Bom Despacho

Elemento conecta a cultura africana à história brasileira preservada na cidade do Centro-Oeste de Minas

A tradicional Língua da Tabatinga, de Bom Despacho, no Centro-Oeste de Minas, foi tema de uma das 90 questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aplicado no domingo (3/11).

A questão 12 explicava que “a língua da Tabatinga, falada na cidade de Bom Despacho, Minas Gerais, foi por muito tempo estigmatizada devido à sua origem e à classe social de seus falantes, pois, segundo uma pesquisa, era falada por meninos pobres vindos da Tabatinga ou de Cruz do Monte…”

A Língua da Tabatinga tem sido preservada porque:

  • a) seu registro passou da forma oral para a escrita.
  • b) a classe social de seus usuários ganhou prestígio.
  • c) sua função inicial se manteve ao longo dos anos.
  • d) o sentimento de identidade linguística tem se consolidado.
  • e) o perfil etário de seus falantes tem se tornado homogêneo.

A preservação da Língua da Tabatinga está relacionada ao fortalecimento do sentimento de identidade dos falantes, que enxergam a língua como um legado afro-brasileiro a ser transmitido às futuras gerações. Esse sentido de pertencimento e identificação cultural contribui para a continuidade da língua. Assim, a alternativa correta é a letra D.

Nas redes sociais, a secretária de Cultura do município, Rose Santos, então, comemorou a abordagem do tema no Enem.

“Importantíssimo para a Cultura de BD. A Língua da Tabatinga sendo tema de questão do Enem”, postou.

Língua da Tabatinga: patrimônio imaterial

A Língua da Tabatinga tornou-se patrimônio imaterial de Bom Despacho em dezembro de 2023. Trata-se de um elemento que conecta a cultura africana à história brasileira, cuja preservação é essencial para manter a memória e identidade cultural, além de valorizar a cultura da região.

Na época da escravidão, utilizava-se a língua, também conhecida como “Língua dos Negros da Costa,” como código de comunicação entre os negros, para que os feitores não os entendessem. Esse modo de falar surgiu no Brasil Colônia (1530-1822) como resultado da mistura intencional de várias línguas trazidas pelos escravizados nos navios negreiros.

Na década de 1980, o número de falantes da Língua da Tabatinga estava estimado em cerca de 200 pessoas. Atualmente, poucas pessoas em Bom Despacho ainda dominam a língua.

Além disso, ela também ficou conhecida por antigos como a “língua dos engraxates”, pois muitos trabalhadores desse ofício conversavam nessa língua enquanto lustravam sapatos na praça da matriz.