Rodrigo Dias
O mundo é um lugar injusto. Justo? Não há quem não se sensibilize com as várias tragédias humanas expostas na nossa cara todos os dias. Refugiados em busca de socorro, crianças mortas pela fome e doença. Vidas dizimadas por guerras sem sentido e futuros roubados pelas drogas.
O cenário é desanimador, e fica pior quando se percebe que apesar dos esforços para mudar essa realidade desfavorável parece que pouca coisa altera.
O mundo é um lugar moderno que desafia a matéria. Sofisticado até, mas a mesquinhez humana muito se assemelha aos tempos bárbaros da Idade Média. Em que havia relativo entendimento das coisas e mesmo assim era priorizada a concentração de poder e riqueza para poucos; em detrimento de uma imensa maioria desprovida de posses. À mercê da própria sorte.
Obviamente existem diferenças nos graus de intensidade, mas se pegar todas as formas de governos – das monarquias às ditaduras, do capitalismo ao socialismo – se percebe uma imensa base que sustenta os caprichos de quem está na ponta da pirâmide social e econômica. Quanto mais abaixo se está nesta estratificação, maior é o estado de carência em algum sentido.
Partindo deste entendimento, como discutir, por exemplo, sustentabilidade do planeta com aquele que passa fome em algum país subdesenvolvido do continente africano? Como justificar que a acessibilidade é um conceito importante para quem não tem um canto para morar?
São várias as necessidades para um mundo só. Demandas provocadas por séculos de mesquinhez e de submissão do outro. E por centenas de anos o Estado e a Igreja contribuíram para a decadência da humanidade. Mantendo ou justificando este modelo excludente.
É necessário um pacto global a favor dos mais vulneráveis. Milhões sentem medo, fome e frio. Eles precisam ter suas necessidades imediatas de subsistência atendidas. Mas há outros tantos que querem a oportunidade de dar certo. De ter uma perspectiva que seja maior do que simplesmente se alimentar no dia seguinte.
Nem todo assolado pela miséria quer comida. Boa parte quer ter direito a sua dignidade e de fazer as suas próprias escolhas. De ter opinião e de ser visto a partir do meio em que está inserido.
A última coisa que esses indivíduos necessitam é do meu ou do seu dó. Eles conhecem os seus potenciais e clamam, mesmo, é pela tal oportunidade de dar certo.
A balança dos que querem promover a justiça no mundo não deve pender, apenas, no sentido dos miseráveis que apenas sobrevivem. A balança tem de contemplar, também, os revoltosos. Que reivindicam o seu lugar no mundo.
Aqueles que, a despeito da fome do corpo, optaram por existir. Não querem mais ser sub.