Aumento do diesel: “Não é na marretada que consertaremos as contas dos estados e inflação vinda disso só gerará caos social, comida cara e retração da economia”

Em 2022, assistimos a um estelionato eleitoral feito pelo então presidente Jair Bolsonaro: a isenção do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS), e uma mudança na política do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – com isso, o preço dos combustíveis reduziria, a inflação seria contida e o resultado das urnas poderia ser positivo. Felizmente, o povo não é bobo como esse senhor pensava. Passamos 3 anos num descalabro social e, às vésperas das eleições, chega a ser cômico achar que os brasileiros pensariam que o país melhorou.

No entanto, quando o presidente Lula assumiu, em 2023, essas medidas foram revogadas e foi, em partes, posto um fim na Paridade de Preços Internacionais (PPI) da Petrobrás. Isso significa que o preço por barril vendido pela Petrobrás às distribuidoras não acompanharia mais o mercado internacional, reduzindo assim, consideravelmente, os nossos preços. Mas, como nem tudo são flores, como nossos produtos são completamente sensíveis ao câmbio, se o dólar sobe, como tem subido atualmente, os combustíveis ficam mais caros também.

No entanto, esse não é o foco do que quero tratar com você, caro leitor e leitora. Em outubro de 2024, o Conselho Nacional de Política Fazendária (CONFAZ) autorizou que os estados aumentassem a alíquota do ICMS em 7,1% para a gasolina e 5,3% para o diesel. Isso é preocupante, à primeira vista, no bolso de quem abastece seu veículo, mas pode ter efeito sobre a população toda: como nossos produtos são transportados, sobretudo via malha rodoviária, aumentar o diesel significa gerar custos em cascata. Ou seja, podemos ter aumento de inflação em 2025. Vale ressaltar que os combustíveis contribuem consideravelmente para formar nossos principais indicadores de inflação, como o IPCA e o IGP-M.

A mudança nas alíquotas estava prevista para alterar os preços no último sábado (01/02). No entanto, como infelizmente ocorre em muitas ocasiões, vários postos de combustíveis já estavam remarcando preços antes de valer a medida.

O senador Cleitinho Azevedo, pelo menos dessa vez, em um vídeo na semana passada, deixou o sensacionalismo de lado e disse que o aumento não veio do governo federal, mas do CONFAZ, um conselho em que cada estado possui representantes. Mas como “alegria de mineiro dura pouco na política”, ele disse que se fosse governador, não autorizaria esse aumento e nem os votos dos membros mineiros no conselho. Será? Enfim, o que importa é que um dos seus maiores aliados e dos seus irmãos, o “anti-imposto” Romeu Zema é o atual governador, algo que ele esquece de mencionar quando lhe convém.

Como uma defensora ferrenha de pautas econômicas, expresso que vejo com preocupação essa irresponsabilidade do CONFAZ.

Não é na marretada que consertaremos as contas dos estados e inflação vinda disso só gerará caos social, comida cara e retração da economia – efeito reverso. E o meu desejo é de que a população saiba quem é o responsável por cada ação como essa: a informação correta liberta o povo de politiqueiros, irresponsáveis e oportunistas.

*Laiz Soares escreve semanalmente neste espaço.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do PORTAL GERAIS.