Simião Castro

Um arranjo financeiro criminoso começou a ganhar corpo em Divinópolis nos últimos dias. Conhecido como “mandala da prosperidade”, o arranjo promete ganhos que poucos investimentos são capazes de render.

Com características de pirâmide, a prática se propaga por grupos no Whatsapp e aponta para lucro de até 800%, conforme apuração do Portal. Acontece que a prática é ilícita, de acordo com o promotor de Justiça de Divinópolis, Sérgio Gildin.

“Pode ser um crime contra a ordem econômica, estelionato, crime de captação popular de poupança, vai depender muito das circunstâncias do fato. Mas todos que estão envolvidos acabam praticando este crime”, alerta o promotor.

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Ele ressalta que a essência do delito está no desejo pela recompensa. Porque o lucro exorbitante é inexistente em qualquer outra forma de investimento e por causa da indução de outras pessoas para participar.

 

Organização

Funciona assim: para entrar no negócio a pessoa precisa depositar determinada quantia em dinheiro. Na cidade, existem grupos que definem em R$ 100 o “investimento”. Quem recebe a “doação” é a pessoa que está há mais tempo no arranjo – e que já contribuiu ao entrar.

Cada extremidade das formas leva o nome de um participante. Os nomes foram borrados para proteger as identidades

O esquema é organizado em quatro etapas circulares, ordenadas em formato de mandala e com progressão gradativa à medida que mais pessoas entram no grupo (veja figura). É preciso completar oito pessoas na parte externa da mandala para o grupo “girar”, como os utilizadores dizem.

Deste modo, quem está no centro sai, depois de já ter recebido oito vezes o valor que investiu, e outra pessoa toma seu lugar – passando a receber a doação dos novatos. O problema é que se alguém quebrar a corrente, o arranjo se desarticula.

 

Vida curta

A reportagem do Portal foi incluída em um grupo e a quantidade de pessoas e a velocidade do esquema são impressionante. Em pouco mais de 24h, a rotatividade foi de cerca de 250 pessoas, entre participantes e observadores.

A taxa de adesão neste caso era de R$ 30 e a mandala “girou” quatro vezes. Isto significa que quatro pessoas receberam R$ 240 ao final de cada ciclo. Para Gildin, a velocidade no lucro é proporcional ao da vida útil do esquema.

Ele explica que, como as bases vão aumentando muito, o sistema acaba por se autoconsumir. Como muita gente entra, muita gente também deixa de pagar, quebrando a corrente.

 

Proteção

A orientação de Gildin é nem sequer entrar no arranjo, para evitar tanto o prejuízo quanto – principalmente – o crime. Afinal, se a pessoa que levar prejuízo e procurar a polícia atrás dos próprios direitos também tiver convencido mais gente a participar, ela também poderá ser responsabilizada.

A reportagem do Portal não participou da “mandala”, apenas observou o grupo.