Rodrigo Dias
Mineiro é um sujeito cabreiro. Desconfiar faz parte da sua estratégia de sobrevivência. Mineiro não observa, espia, e num lance só toma pé da situação.
Muitos nos chamam de conservadores, mas mineiro que é mineiro prefere a alcunha da tradição. O mineiro valoriza suas raízes, mas quando quer se mostra receptivo e comunga com o que é novo.
Aprender a reconhecer e valorizar suas raízes é condição de ordem para o mineiro, que entende que assim preserva a sua essência, que tem muito a ver com o lado simples da vida. É isso mesmo. Uma prosa, uma reza, um bule de café e uma quitanda com gosto de roça para acompanhar.
É na simplicidade que o mineiro se encontra. Aqui não se conta histórias. Tudo, na verdade, vira causo e tem lá um fundo de filosofia que quer instruir quem ouve.
O mineiro é um ser solidário. Daqueles que se ajuntam para novena, para velar um amigo ou para festejar o padroeiro da cidade. A religiosidade é marca presente na alma desse povo.
A necessidade da fé é combustível. No recolhimento das suas orações pede para si e para os outros. Ora do jeito mineiro: quieto, num canto iluminado por vela.
A luz de Minas não é tímida e desde o Brasil colônia clareou os rumos dessa terra. Mineiro enfeza. Daqui surgiram os inconfidentes, que expandiram o sonho de independência.
Mineiro é matuto e sempre gostou de uma catira. O poder de articulação é uma virtude, que fez surgir em Minas líderes que contribuíram com a história do país. Homens e mulheres talentosos que fizeram e fazem a diferença.
Minas tem metrópoles e tem roça. Tem cerrado e asfalto. Carro de boi e avião a jato. Versatilidade não é discurso nas alterosas, é fato. É bem verdade que as ruas já não são tão mais calmas como anos atrás, mas ainda é possível chegar para fora do portão e prosear.
Conversar para o mineiro é uma necessidade. Mesmo que seja num olhar, num aceno de mão ou num abano de cabeça.
A essência do mineiro são suas raízes e devoções. Aquilo que soma e o faz um povo único que escuta e se faz ouvir. Mineiro é simples… É matuto.
O bom mineiro ama casa cheia, mesa farta de café, de bolos, roscas, biscoitos e, claro, o nosso pão de queijo. Aprecia uma prosa ao redor da mesa, em que o tempo passa e não se vê.
O Mineiro é um “ser” caipira, sofisticado na sua essência. Quem é daqui entende bem dessas coisas.