Presidente de ONG criticou interdição da Mina do Niterói e disse que há alternativas para não impedir abastecimento por parte dos moradores

Marcelo Lopes

A Prefeitura de Divinópolis, por meio da assessoria de imprensa, comunicou nesta segunda-feira (26), que durante monitoramento do Programa de Vigilância das Águas (Vigiágua), foram encontradas bactérias e coliformes fecais em uma mina localizada bairro Niterói. O local foi interditado na última quarta-feira (21).

Sobre o que levariam a serem encontrados estes dejetos na água, Adriano Guimarães Parreira, biólogo, mestre e doutor em microbiologia, acredita que o líquido poderia ter sido contaminado em decorrência de algum vazamento de esgoto ou a presença de animais homeotérmicos, como cavalos, por exemplo.

“É preciso dizer que naquele local, conhecido como Canto da Mina, há duas Minas de origem diferente. Uma delas sempre foi imprópria, a outra, que imagino se tratar desta interditada semana passada, era própria para o consumo”, disse. Sobre a interdição da mina, Adriano afirmou que a Prefeitura agiu de forma correta.

Como professor da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) e técnico da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), Adriano aprovou projetos de pesquisa e extensão voltados para avaliação microbiológica da qualidade da água em sacs urbanas. De acordo com ele, a última vez que o mesmo realizou uma análise da mina foi em 2016. Na ocasião, a água estava própria para o consumo.

“Contudo é necessário monitoramento constante, pois há o efeito sazonal, que influencia na qualidade das águas de minas e nascentes. O que posso dizer no momento, é que a Prefeitura, por meio do Vigiágua, faz um monitoramento da qualidade da água”, explica.

O biólogo adiantou ao PORTAL que a partir de abril serão iniciadas análises de várias minas utilizadas pela população de Divinópolis, realizando exames periódicos de qualidade da água.

ONG

De acordo com Darly Salvador, presidente da ONG Associação Nascentes Bela Vista (ANBV), a mina contaminada está localizada em uma área urbana de alto risco, na qual exige um monitoramento constante, que segundo ele, não é feito. Para a realização das análises, é preciso a viabilização de kits, contendo materiais para o processo. Porém, as ferramentas possuem custos elevados.

Sobre os kits, Darly disse que os mesmos são disponibilizados em ocasiões, ora pela Vigilância Sanitária, universidades ou até mesmo, em outras instituições socioambientais. Para a realização dos exames, o presidente da ONG propõe uma iniciativa com estudantes.

“Como nós temos utilidade pública estadual, podemos requerer do Estado. A nossa proposta imediata é colocar acadêmicos em ação educativa no local até que a situação se resolva, compensando estes alunos com horas complementares de estágio”, explicou.

Em relação ao tratamento, Darly disse que o hipoclorito de sódio é muito simples e eficaz para a eliminação dos dejetos, sem ser realizada uma interdição na mina. De acordo com o mesmo, o parecer da ABNV é de que a água deve continuar a servir a comunidade, que comparece ao local para usufruir deste recurso hídrico, mesmo com os riscos de contaminação.

“Por serem pessoas carentes e dependerem exclusivamente dessa fonte de água, existem tratamentos alternativos sem a interrupção. Mesmo com a mina interditada eles, (os moradores), não vão parar de colher a água. Então vejo como solução tratá-la na fonte no momento da coleta”, completou.

Monitoramento continua

A Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) continuará o monitoramento da nascente e caso ela esteja descontaminada, será liberado o consumo à população.

Foto de capa ilustrativa