Amanda Quintiliano
Sem respostas do poder público e cansados de esperarem por solução, uma moradora do bairro Eldorado, em Divinópolis, cedeu uma área no fundo do quintal dela para a construção de uma capela e também de um salão comunitário. A intenção é possibilitar atividades para crianças e adolescentes.
O bairro Eldorado fica atrás do conjunto habitacional Lagoa dos Mandarins. Do “outro lado da rodovia MG-050”, os moradores enfrentam uma realidade diferente dos bairros centrais. Falta rede de esgoto, iluminação, calçamento. O mato toma conta das ruas e conseguir uma patrola sequer é um exercício de paciência.
O resultado disso reflete principalmente em dias de chuva. Sem pavimentação, com buracos, o barro impossibilita que veículos cheguem até o bairro. Em situação como essas, as crianças e adolescentes ficam sem escolas. O Eldorado também não oferece nem um tipo de lazer.
Diante deste cenário, a moradora do bairro há 12 anos, Maria do Rosário Santos, de 58 anos, se dispôs a ceder uma parte do fundo da casa dela onde já há um barracão que dá para outra rua. A ideia é mobilizar os moradores para recolher materiais de construção para a construção da capela e do salão. A mão de obra também deverá ficar por conta de voluntários.
“As nossas crianças aqui ficam muito abandonadas. Não tem um local para brincar, para aprender a fazer algo melhor. Então estamos mobilizando e cada um dará uma ferragem, um cimento, para podermos construir”, afirma.
Maria do Rosário já foi presidente da associação do bairro. Porém, há cerca de cinco anos, ela está desativada.
As dificuldades relatadas pela moradora são comprovadas pelo jovem de 21 anos, Igor Leonardo. Estudante de Ciências Contábeis ele precisou deixar a casa da mãe para morar com a avó, do contrário, não conseguiria concluir os estudos.
“Já aconteceu de eu ficar sem condução nenhuma, porque eu ia de van e ela não queria descer aqui simplesmente por causa das condições de estradas. Já perdi aulas por causa disso. Tivemos o caso de um menino que queria fazer faculdade e ele não fez porque não tinha meios dele ir”, relata.
Maria do Rosário ainda não tem previsão para iniciar as obras. Apesar da pouca esperança, ela ainda espera alguma ajuda do poder público. Assim como outro moradores, como é o caso do aposentado, Marcelinho José da Cruz. Morador há 30 anos ele já não pede muita coisa. Ele quer pelo menos uma máquina para fazer a limpeza das ruas.
“O que vier a mais é lucro”, afirmou.
O bairro Eldorado é o cenário do nosso terceiro episódio da série “Histórias Reais”. Assista o vídeo completo clicando aqui.