Poliany Mota

 

O passado de Dona Cidinha é um mistério, mas o presente é de amizades (Foto: Poliany Mota)

O passado de Dona Cidinha é um mistério, mas o presente é de amizades (Foto: Poliany Mota)

Não é só Divinópolis que completa 102 anos em 2014. No dia 15 de agosto a ilustre moradora do Lar dos Idosos, Maria Aparecida Martins comemora seus 102 anos de vida. Apesar de ter mais de um século de idade, a Dona Cidinha Centenária, como é conhecida na instituição e na cidade, possui o alto-astral de uma menina.

 

Não é tarefa fácil encontrar a Dona Cidinha, já que ela não gosta de ficar parada e não abre mão de trabalhar. Quando nossa reportagem finalmente a encontrou, ela estava lavando roupas e deu um pouco de trabalho convencê-la a parar por alguns instantes. “Não aguento ficar sem trabalhar. Não consigo fazer coisas pesadas, mas gosto de ajudar na copa, a moça lava as vasilhas e eu enxugo. Também gosto de lavar roupas”, comentou.

 

Os funcionários do Lar contam que sempre há pessoas procurando saber como ela está. Apesar de ser muito querida por todos e estar a muito tempo na instituição, o passado da Dona Cidinha é um mistério. Não se sabe como era a vida dela antes de vir para Divinópolis. Tanto ela quanto os funcionários têm dificuldades até mesmo de especificar o tempo em que a centenária mora em Divinópolis.

 

Dona Cidinha gosta de ajudar nas tarefas do Lar (Foto: Poliany Mota)

Dona Cidinha gosta de ajudar nas tarefas do Lar (Foto: Poliany Mota)

 

“Eu não me lembro quando vim para cá. Tem muito tempo que moro no Lar aqui em Divinópolis. Eu amo esse lugar!”, contou Dona Cidinha.

 

Dona Cidinha disse que nasceu em Campina Verde e que lá também vivia em uma instituição para idosos, mas também não se lembra como foi parar lá, ou o que fazia antes. A única coisa de que recorda é que foi através de uma irmã de caridade que conseguiu ser transferida para a capital da moda.

 

“A irmã de caridade saiu de lá, foi transferida para Divinópolis. Eu não queria ficar por lá, então ela conseguiu uma vaga

No documento não consta os nomes dos pais e nem dos avós (Foto: Poliany Mota)

No documento não consta os nomes dos pais e nem dos avós (Foto: Poliany Mota)

para mim aqui. O homem lá do céu fala para mim que não posso sair daqui, porque sou a mais velha da casa”, relatou em tom de brincadeira.

 

Sua certidão de nascimento sugere que ela era órfã. Registrada no ano de 1912, apenas com o nome da mãe, Marciana

Martins, que consta como falecida, o documento não apresenta sequer os nomes dos avôs maternos. Na cidade de nascimento está escrito apenas “divisa de Minas com são Paulo”. Apenas no final da certidão que é citada a cidade de Campina Verde, como local de registro do documento. Dona Cidinha também nunca trabalhou, pelo menos de carteira assinada. Apesar de antigo, o documento permanece com as folhas em branco.

 

Segundos os funcionários do Lar dos Idosos, nunca apareceu um parente procurando por ela. Quando ocorre algum problema é a própria instituição que resolve. Dona Cidinha também não parece se importar muito com isso, repleta de amizades, ela agora está ansiosa para comemorar seu aniversário de 102 anos de idade.