Poliany Mota
A reação da maioria das pessoas que passam pela ponte que liga o Centro ao bairro Porto Velho tem sido a mesma ao olhar o estado do rio Itapecerica. Praticamente todo coberto por aguapés, as aves sobrevoam o leito a procura de um espaço para conseguir beber água. Em frente ao estádio Farião, a situação é pior. De longe a impressão é que se trata de um gramado, tamanha é a densidade e quantidade da planta no local.
Ainda em frente ao palco dos principais eventos futebolísticos da cidade, é possível assistir ao encontro do esgoto com o rio, contrastando com a imagem de uma bela ave bebendo a água contaminada do esgoto, mais fácil de ter acesso do que a do Itapecerica.
As capivaras e garças, animais que dependem do leito para sobreviver, estão concentradas em uma espécie de lagoa, um
pequeno espaço sem aguapés, em que conseguem boiar na água. A revolta da população é grande. Os cidadãos reclamam que faltam mais atenção e dedicação dos órgãos públicos com rio.
Aparecida de Oliveira, de 57 anos, mesmo tempo em que vive as margens do Itapecerica, contou que não reconhece mais o rio onde nasceu e foi criada.
“Tenho 57 anos de ribeirinha. Eu nasci aqui e estou vendo os aguapés matarem o rio. Quando eu era criança a gente pescava com meu pai aqui, eram peixes grandes e a gente podia comê-los, hoje em dia não tem mais condições, é difícil até mesmo ver um peixe. Há uns dez anos que ele está assim, essa vergonha. Com essas plantas tomando conta do rio ainda aumentaram os mosquitos e muriçocas, não posso nem deixar a janela do meu quarto aberta”, relatou.
Maria Aparecida de Castro, de 55 anos, lembrou que o falecimento do rio significa também a morte dos animais que dele dependem. “Esse estado do rio está critico, precisa fazer uma limpeza urgente, não tem condições de ficar assim, ainda mais que passa pelo Centro da cidade, está muito poluído. Tanto a saúde dos animais como a das pessoas está em risco, como os bichos vão sobreviver nesse ambiente?”, questionou.
A estudante Bianca Rodrigues, de 17 anos, falou sobre sua indignação com a situação do Rio Itapecerica, que deveria ser tratado como um patrimônio dos divinopolitanos. “Como eu passo frequentemente pela ponte, sempre vejo lixo jogado e rede de esgoto, o rio está muito poluído, cheio de aguapés. Foi dito que seria feito alguma coisa para reverter isso, que iriam despoluí-lo e não foi feito nada, pelo contrário, o rio está ficando cada vez pior, está morrendo aos poucos, está muito feio. É muito triste, porque ele é uma paisagem que a gente deveria cuidar, deveria ser um bem para a nossa população, um orgulho e não está sendo”.
Nesta quinta-feira (05) é comemorado o Dia Mundial do meio Ambiente, as pessoas que conversaram com o PORTAL disseram que, embora seja importante conscientizar a população, nessa data deveriam ser realizadas mais ações de conservação da natureza.
Prefeitura
De acordo com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Divinópolis, para conseguir acabar com a proliferação dos aguapés primeiro é necessário despoluir o rio, projeto que está sendo executado pela Copasa. O órgão informou que existe um cronograma de obras para levar o esgoto às estações, que ainda serão construídas, e tratá-lo, com prazo até 2016.
Na semana passada foi inaugurada a primeira estação, no Centro Industrial. De acordo com a assessoria da prefeitura, mais de 10% do esgoto da cidade serão tratados na ETE (Estação de Tratamento de Esgoto), o que corresponde a 1.300 milhão de litros. A próxima a ser construída será para a retirada do esgoto do rio Itapecerica.
Sobre a retirada dos aguapés, a prefeitura informou que começou a realizar o serviço, porém, por causa da comemoração de aniversário da cidade teve que interromper a limpeza, para que a equipe trabalhasse nos preparativos do evento.