Rodrigo Dias
Quando você se achar uma piada de mau gosto é melhor não se levar tão a sério. Ouvi esta frase, e confesso não saber a sua autoria, um dia desses. Ela é meio bobinha, concordo, mas tem lá suas verdades intrínsecas.
Há dias que acordamos e parecemos do avesso. Por mais que haja boa vontade não encontramos – não vemos – nenhuma virtude em nós. A ponto de alguns se julgarem uma obra mal-acabada que não remete a nada e não apresenta serventia nenhuma, quase.
Estar pela metade é quase estar completo. Isto, por si só, já é algo positivo. É sinal de que algo já foi feito e não será necessário iniciar do zero. Mesmo com essa perspectiva otimista, o que pesa, para muitos, é o que falta.
A metade vazia a ser preenchida remete ao um quê de inoperância. A certa incompetência por não ter logrado êxito. Num ambiente como este os mais vulneráveis não terão o fôlego necessário para seguir adiante. Vão ficar queixosos e o copo estará mais para meio vazio do que para meio cheio.
É nestas horas que a segunda metade da frase que abre este texto se mostra importante: (…) é melhor não se levar tão a sério. Não dramatizar por demais as situações de provações internas talvez seja um bom começo.
Não se levar tão a sério está relacionado à compreensão que temos de nós mesmos, e que pode, ou não, fazer sentido. Desejar demais e se cobrar demais pode tirar pequenos sabores da vida cotidiana. A escala das conquistas pessoais, necessariamente, não vem medida em quilômetros percorridos; mas, às vezes, por centímetros conquistados.
A piada começa a fazer sentido quando estas coisas são percebidas e, a despeito dos insucessos no caminho, aos poucos perceber que a vida não foi toda de mau gosto.
Sei não, viu, mas pior do que ficar se medindo a partir dos outros é fechar os olhos para si mesmo. Se o seu modelo não é o “padrão” não quer dizer que esteja errado ou não tenha serventia.
Como forma de buscar oxigênio para prosseguir adiante é necessário, por vezes, tirar férias da gente mesmo. Como? Talvez começando por não se levar tão a sério. Se fosse um analista, tô longe disso, diria que se desprender das situações e buscar outros ângulos de visão seria algo aconselhável a ser feito.
Quem sabe assim, mais de perto e com uma luz melhor, se perceba que o copo que estava meio vazio agora ganha outros ares. E daí perceber que ele está para mais da metade. Esta compreensão, por si só, é um ganho que deve ser considerado.
Terapia do dia a dia.