Por Rodrigo Dias

É inevitável que para ter uma democracia de fato, é preciso uma imprensa justa. Uma imprensa que consiga controlar suas paixões ideológicas e de mercado e que não condicione, portanto, a opinião pública.

Formar opinião, a meu ver, é bem diferente de condicionar. A imprensa que ajuda a formar opinião apresenta dados que estimulam o leitor, telespectador, ouvinte e internauta a formar o seu juízo de valor acerca de uma determinada questão.

A imprensa que condiciona apresenta meia versão dos fatos, omite a verdade e dá pesos e tratamentos diferentes aos lados envolvidos num determinado contexto. Faz isso porque tem interesse em manipular a opinião pública, visando finalidades bem específicas.

Num momento histórico tão conturbado do Brasil, é necessário deglutir com calma e atenção toda informação que nos chega, e não simplesmente degustá-la, sorvê-la como verdade absoluta.

Existe um conceito dentro da área de comunicação que se chama agenda setting theory. Entre outras coisas, esta hipótese propõe que os consumidores de notícias, portanto nós, tendem a considerar mais importante os assuntos que são veiculados com maior destaque na cobertura jornalística, determinando assim, o que as pessoas pensam, falam e debatem.

A agenda-setting é instituída por quem controla a informação. Num cenário em que a grande mídia está nas mãos de poucas famílias, a possibilidade da incidência desse fenômeno é preocupante. Visto que dependendo do modo como são postas as notícias e informações, em termos de ideias e opiniões, elas podem persuadir a opinião pública condicionando-a aos interesses de quem manipula a grande mídia.

Balizar sua opinião só com o que é oferecido pelos meios tradicionais de geração de notícia não basta. O importante é acessar um mesmo assunto de fontes variadas e filtrar a informação.

Com o advento das redes sociais, e com elas o surgimento de canais independentes de notícias e fóruns de discussões, se tem um instrumento a mais que pode auxiliar na compreensão de um determinado fato.

Não dá pra ter um olhar inocente e romantizado da produção jornalística, de conteúdo e entretenimento. Há de se entender que a mídia faz parte de um esquema empresarial. E, como toda empresa, é regida pela lógica do mercado.

Existem, sim, bons conteúdos sendo produzidos, como existe também muita contra-informação sendo oferecida como verdade. É necessário saber separar o que é relevante do que não é.

Não é ser incrédulo com tudo, mas também não é ser inocente ao ponto de propagar um assunto como verdade absoluta e incontestável só porque, por exemplo, saiu no Jornal Nacional.

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