Por Rodrigo Dias

O Brasil vive o seu inferno astral. Os desajustes sociais, políticos e da economia chegam a níveis nunca antes vistos. Este cenário de degradação parece estar longe do fim, e pior, parece atrair situações ainda mais incômodas para a população.

Se já não bastassem os problemas que se arrastam há mais de três anos, agora vemos conquistas de décadas, na área da saúde, sucumbindo. O descontrole da febre amarela e até mesmo da malária revelam que o país deixou de fazer o seu dever de casa ao negligenciar a saúde.

Dengue, zika, febre amarela entre outras enfermidades só nos consolidam na condição de país subdesenvolvido. Carente e que não consegue resolver situações sanitárias que são essenciais para promover a saúde das pessoas. Ações que passam pela intervenção do poder público e também da nossa.

Por outro lado, a crise do setor penitenciário e a escalada do crime em suas mais variadas facetas demonstram uma falta de operacionalidade do Estado em resolver estas questões. O crime é organizado sim, e do outro lado, quando as autoridades não mancomunam com estas práticas, batem cabeça e pouco resolvem.

Acrescente a este caos as perigosas ligações das autoridades dos poderes constituídos – executivo, legislativo e judiciário – com os poderes econômico e midiático que o servem. O resultado é a dúvida que sempre pairará sobre quem representa esses poderes constituídos e suas decisões, e o porquê dessas ligações, e neste caso o povo não é o beneficiário direto. O caso Teori Zavascki, entre outros, ilustram esse raciocínio.

O Brasil vive o seu purgatório particular e não há, num cenário de médio prazo, uma liderança que seja capaz de abrandar os interesses e liderar o país a uma condição mais favorável que a atual.

Os políticos estão maculados e o sistema desacreditado. Sobram discurso, marketing, promessas e ações proativas de menos.

Atitude é o que falta. Querer que as coisas dêem certo de fato. Atitude pressupõe seriedade e compromisso com a coisa pública, e enquanto isso não for conjugado de fato pouca coisa muda.

Metaforicamente a situação do atual estádio Jornalista Mário Filho, o popular Maracanã, retrata bem o que é o Brasil. Tal como o estádio que vive mais das glórias do passado, somos usados e usurpados.

Um elefante branco que agora está sendo depredado. Terra de ninguém. Condenado à própria sorte.

Nunca as situações atuais nos ajudaram tanto a entender porque o Brasil é Brasil. Arremedo de nós mesmos em que as boas iniciativas se perdem.

Elas são ilhas, exceção de fato, num país mergulhado em desilusão… Desesperança.

Lamentavelmente, essa tem sido a regra.