Rodrigo Dias

operacao-lava-jatoA divulgação da tão esperada lista do Rodrigo Janot, procurador-geral da República, revelou algo que os mais lúcidos tinham certeza: a corrupção, em especial a apurada pela Lava Jato, é sistêmica. O que isso significa? Que pouco adiantará retirar uma maçã que se julga estar afetando as outras, quando na caixa existem outras também podres e até mais vistosas do que a que se entende ser a problemática entre elas.

Políticos de várias legendas e, portanto, com ideologias diferentes, foram citados. No balaio do Janot tem centro, centro-esquerda, esquerda e até mesmo a direita que tanto critica. Corrupção, isso ficou claro, não está ligada à sigla partidária. Ela caminha por todos os partidos em maior ou menor intensidade. Corrupção tem a ver com o caráter e o que os políticos aspiram na política.

A ordem do dia, propagada pela grande maioria dos meios de comunicação, principalmente as grandes mídias, insiste em pregar a caça à(s) bruxa(s) e na fogueira da inquisição já escolheu quem deve ser queimado. Por conveniência, imagino, não abrem a questão apontando que a corrupção é um mal que não habita só na política, mas está contida culturalmente na sociedade em variados níveis. E que inclusive, muitos deles (os meios de comunicação), tiram proveito dela.

Não quero aqui fazer a defesa de fulano e nem criticar sicrano. Apenas entendo que é muito frágil balizar a opinião apenas em uma fonte de informação que pode, porque não, estar viciada ou atendendo a outros interesses.

Há um fato: existe uma crise e ela advém da corrupção. A partir daí qualquer investigação tem que ser profunda e ramificada. Fazer conexões com outros escândalos e outros tantos bilhões que foram para o ralo. Pegar um boi de piranha para dar uma falsa justificativa para a população é zombar da inteligência dos mais esclarecidos.

Criticar nas redes sociais, fazer panelaço ou até mesmo escrever artigo é ação fácil; mas em todos os casos é superficial. As ações que realmente mudam são a seleção dos políticos por meio do voto consciente e uma reforma política que dê ordem às coisas. Reduzindo, por exemplo, os partidos e mudando a regra de financiamento de campanhas. São bandeiras como essas que devem ser levantadas no combate à corrupção na política.

O contexto atual só poderá ser mais bem entendido se houver sobriedade e profundidade nas discussões. Atitudes passionais, que podem vir de todos os lados, são terreno fértil para a propagação do ódio, que neste momento de fragilidade política e econômica vai desembocar num desequilíbrio da sociedade.

Atos injustificáveis podem se tornar, na cabeça dos menos esclarecidos, legítimos e até a anarquia pode se transformar numa forma de manifestação plausível.

Neste cenário, tenha certeza, alguém estará ganhando. E não será eu e nem você.

 

Quer falar com nosso colunista?

É só mandar um e-mail para:

artigorodrigodias@gmail.com