Cirurgia particular custa R$8,5 mil; Sem dinheiro, João Pedro aguarda vaga pelo sistema único após ser encaminhado para cirurgia de urgência

O ajudante de pedreiro, João Pedro Prata dos Santos, de 27 anos, está correndo contra o tempo para conseguir uma vaga de cirurgia, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Ele está internado na Unidade de Pronto Atendimento (UPA Padre Roberto), em Divinópolis, desde este último sábado (4/9) após ter sido diagnosticado com uma pedra de rim, que está paralisada no canal da urina.

Ao PORTAL GERAIS, João Pedro contou que o diagnóstico veio após ele sentir dores no canal da urina e buscar um urologista particular, para saber mais sobre o caso.

“Ele me recomendou que fizesse uma cirurgia e que o preço (de uma particular) era R$ 8.5 mil. Então, começamos a tentar pelo SUS. Consultei um urologista pelo SUS e ele me deu um encaminhamento urgente para a UPA. Cheguei aqui, internei e estou até hoje esperando”, contou.

Espera

A internação está prestes a completar uma semana e na urgência para uma solução, a manicure Fernanda Godoi Fonseca, cunhada de João Pedro (que sente muitas dores e está sendo medicado), contou que os médicos da unidade informaram que o período para sair uma vaga de cirurgia, pelo SUS, é de no mínimo 30 dias.

“Eles a cada dia jogam para outra data. “Ah, amanhã talvez sai essa vaga, depois de amanhã”. E nisso ele tá ficando”, disse.

Com esta notícia, a apreensão fica ainda maior, tanto pelo prazo, quanto por outros receios, ainda mais em uma pandemia. Segundo Fernanda, em uma situação dessas, há o medo de que João se contamine pela COVID-19 ou que haja uma infecção nos rins do paciente, caso algo não seja feito a tempo, se tornando assim, um cenário irreversível.

“É um absurdo, em uma crise dessas de saúde, que estamos passando com essa doença, eles ficarem segurando paciente dentro de UPA (…), Então, a gente não sabe o que fazer. Ele precisa urgentemente dessa vaga”, contou Fernanda.

Consequências e cenário

Como a profissão de João Pedro é remunerada diariamente, os dias de internação do paciente também vêm atrasando com a manutenção das despesas, como o aluguel.

Além disso, João Pedro e Fernanda relataram que este caso não é o único de um paciente que está internado na unidade, na busca de uma vaga para cirurgias.

“Pelo que vimos, não é só um caso, não é isolado, está acontecendo direto, tá só entrando paciente, mas não sai para cirurgia, não sai vaga para hospital. Nossa, tá muito difícil”, declarou Fernanda, apreensiva.

“Tem um monte, está lotado. A maioria esperando vaga para hospital” acrescentou João Pedro.

O que dizem as autoridades?

Prefeitura

Sobre o assunto, o PORTAL GERAIS entrou em contato com a Prefeitura de Divinópolis, nesta sexta-feira (10) e o município, através da assessoria de imprensa, declarou que enviou uma equipe para a Unidade de Pronto Atendimento, para averiguar o que está acontecendo.

Sobre a situação de João Pedro a Prefeitura respondeu:

“Para tanto, desde sua admissão, a Secretaria Municipal de Saúde se reporta a Central de Regulação de leitos da região oeste, e não tem medido esforços para conseguir uma vaga nos hospitais da região e da cidade.”

Na nota, o município informou também que a a secretaria está aguardando a resposta das solicitações de vagas nos hospitais de Formiga, Bom Despacho, Campo Belo, Itaúna e Para de Minas, tão logo, a vaga de João Pedro seja regulada, o mesmo será transferido.

Estado

Também procurada por nossa reportagem, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, por meio da Regional de Saúde, disse que trabalha com a Central de Regulação de Leitos gerenciada pelo Sistema SUS Fácil.

Segundo o governo, “quando um paciente necessita de procedimento de urgência, ele é cadastrado neste Sistema após a avaliação do médico da instituição de origem”.

“Com o laudo, os médicos e operadores da Central passam a solicitar vagas em umas das instituições credenciadas ao SUS de Minas Gerais. Caso o Hospital se encontre com 100% ocupação, a Central procura leitos em outras instituições hospitalares da região que possam atender ao paciente. Tendo negativas, ela passa solicitar leitos em outras regiões do Estado” informou.

O Estado afirmou também que o número de leitos contratados pelo SUS consta no Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde (CNES) e estes são transferidos automaticamente para o SUS Fácil, que é operacionalizado pela Central Macrorregional de Regulação Oeste.

“É responsabilidade da unidade hospitalar manter atualizado o registro do mapa de leitos da instituição no sistema SUS Fácil. A Central de Regulação visualiza o mapa de leitos em tempo real para regular e realizar as internações e transferências dos pacientes da região, de acordo com a oferta de leitos e necessidade clínica de cada paciente”, finalizou.