Secretaria de Saúde emitiu alerta, tratando a recusa como “irresponsabilidade”; Só em julho, 23 pessoas recusaram vaga hospitalar
Só em julho, 23 recusas de transferência de pacientes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Divinópolis (MG), para unidades hospitalares de outros municípios foram registrados. O dado foi divulgado, nesta sexta-feira (29/7), pela Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) em forma de alerta.
A transferência, geralmente é, direcionada para unidades com estrutura para alta complexidade, leitos de UTI e de enfermaria, em cidades como Luz, Lagoa da Prata, Bom Despacho, Formiga, Campo Belo, entre outras.
O alerta da Semusa foi direcionado para Divinópolis e também os municípios pertencentes à microrregião (Araújos, Carmo do Cajuru, Perdigão, São Gonçalo do Pará e São Sebastião do Oeste).
“Tal fato tem ocorrido com frequência e tem trazido consequências graves ao acesso dos pacientes, em tempo hábil, a um leito hospitalar”, alertou a Semusa.
Essa recusa de vaga ocorre quando pacientes têm sua vaga disponibilizada pela Central de Regulação de Leitos em determinado hospital, fora do município de Divinópolis, que detém recursos para atender a complexidade que aquele caso exige.
“Ela ocorre de forma voluntária, geralmente pelo acompanhante ou familiar do paciente, seja por um contexto social ou por exigência do mesmo em permanecer internado em um hospital do seu próprio município”, explicou a secretária.
Quando ocorre esse tipo de situação, o paciente permanece ocupando um leito na UPA, restringindo o acesso de outro usuário que poderia estar ocupando aquela mesma vaga, ficando esse paciente alocado em um leito na Unidade de Urgência e Emergência por mais de 24 horas, o que por regra, não deveria acontecer.
“Essa atitude contribui, sobremaneira, para a alta ocupação da UPA Divinópolis, impactando de forma negativa na prestação de serviços das equipes de enfermagem e médica da unidade”, responsabilizou o Semusa.
Redes sociais
A Secretaria de Saúde ainda citou os relatos em redes sociais de pacientes e familiares “clamando” por vagas ou judicializado para ter acesso ao tratamento.
“É sabido que os hospitais conveniados da rede SUS padecem com a escassez de oferta de leitos, sejam eles de enfermaria ou, principalmente, de CTI. A abertura de novos leitos depende em suma da União e do Estado e, esse déficit ocasiona a superlotação dos leitos existentes. Nesse cenário, onde tantos outros estão na busca de uma internação para si ou para seus familiares, é desconexo e por vezes irresponsável, que a recusa por leitos hospitalares, aconteça”, alertou.
O coordenador da Central de Regulação de Leitos da Macro Oeste, Cláudio Fernandes de Castro, ressalta que esse fato traz consequências extremamente negativas para toda a macrorregião e, principalmente, para os usuários da UPA Divinópolis.
Ao recusar o leito disponibilizado, o paciente, muitas vezes, perde a chance de acesso a um serviço muito mais resolutivo que aquele em que ele se encontra, com acesso a recursos assistenciais e tecnológicos não disponíveis em uma UPA.
Essa recusa e o tempo de espera para uma vaga no próprio município, que muitas vezes não é disponibilizada em tempo hábil pelos motivos já citados acima, pode fazer toda a diferença para um bom desfecho daquele caso.