Amanda Quintiliano
Em entrevista ao PORTAL, Vladimir Azevedo ainda disse que cenário negativo irá reverter no próximo ano com projetos que deverão deixar o papel. Hospital Público, UPA e Centro Administrativo são as apostas do tucano. Crise financeira também foi citada por ele como um agravante na gestão.
PORTAL – Quais foram os principais desafios em 2013?
Vladimir Azevedo – 2013 foi um ano difícil, desde o final de 2012 a gente já assistia uma crise aprofundada dos municípios brasileiros com a crise econômica, com as medidas anticrises adotadas que tiraram recursos dos municípios do FPM, por parte do governo federal, que tirou o IPI […]
No dia a dia a gente sente e todos os prefeitos também sentem essa crise, indiferente de partidos, de locais e até de porte de cidade, porque a pauta dos problemas é a mesma, só muda a proporção e grau de complexidade: subfinanciamento da saúde, aumento do custo da máquina administrativa sem o devido lastro de receita […]
Então 2013 fecha como um ano muito difícil, em termos gerais, políticos e financeiros […] Mas, conseguimos, chegamos ao final.
O senhor atribui a essa crise a não conclusão de obras como a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Ponte Funde, Hospital Público, Centro Administrativo?
Têm obras que o próprio cronograma fixo da obra prevê um prazo mais longo, não é só financeiro. O hospital tem um cronograma de 18 meses de obra natural para que ele esteja pronto para funcionar. É uma obra grande e com um detalhe que é moderno e com as pertinências de um hospital, tubo de oxigênio, a parte de eletricidade, toda uma parte peculiar de um hospital daquele porte. A obra segue o ritmo e conseguimos ainda os R$ 43 milhões.
O Centro Administrativo da mesma forma. Nós já injetamos R$ 7 milhões do tesouro municipal na obra, conseguimos esses R$ 5 milhões do BDMG que não serão suficientes, mas procuraremos outras fontes para concluirmos a primeira etapa em 2014, gerando economia de pelo menos R$ 100 mil ao mês.
A UPA esbarra um pouco na crise financeira. Ela precisa de algumas obras de infraestrutura no entorno que já estão sendo feitas, esperando o restante dos aparelhos chegarem e paralelo a isso o formato de gestão que depende da secretaria de estado, mas se Deus quiser, nesse primeiro trimestre estaremos com ela funcionando.
O senhor acredita que no próximo ano esses projetos anunciados, ainda no mandato anterior, sejam, de fato, concluídos?
O Hospital é para 2015, 18 meses, mas com recurso já aportados. O Centro Administrativo e UPA sim.
O senhor também atribui à crise o desgaste da gestão do senhor que ao longo deste ano foi alvo de críticas por parte da própria população?
Acho que sim. Fora as obras, há esses passivos que temos que administrar, principalmente da UPA, acrescento também as Unidades Básicas de Saúde […] que também queremos terminar no próximo ano […]
Esse ano foi um ano pesado até com aquela questão da Rua Paraná que foi uma herança da última enchente e que tivemos problemas com a primeira empresa, ia e voltava, foi um tormento, tomou muito os nossos esforços, as nossas energias, e também deu um desgaste grande na cidade. Está concluído e temos um número bom de obras para o ano que vem e a gente acredita que vai deslanchar com a cidade e vai dar essa percepção de obras completas, concretas.
Apesar de ameaças de rompimento, a base do governo, mais uma vez, conseguiu emplacar a Mesa Diretora com a eleição do vereador Rodrigo Kaboja (PSL). Isso ajuda a viabilizar a gestão?
A relação dos dois poderes, fui vereador por oito anos, é uma relação que a própria Constituição já prevê: independência e harmonia. Sempre procurei ter essa grandeza no trato com o poder Legislativo. No termo de Mesa, eu sempre tentei fomentar uma Mesa Diretora que contemplasse a harmonia, o que é bom para a cidade e que viabilizasse um consenso. Sempre tentei trabalhar para evitar disputas o que é ruim para os vereadores e deixam cicatrizes que machucam e atrapalham o desempenho do próprio poder Legislativo. Acho que a eleição de Kaboja significa uma maturidade e uma garantia de um ambiente bom também para o poder Executivo, para facilitar os projetos estruturantes e de desenvolvimento da cidade que passa pelos dois poderes.
O orçamento foi aprovado e um dos artigos autoriza o senhor a gerir 20% livremente. Esse índice já foi uma estratégia para se prevenir em caso de rompimento com a base?
Não. Se você fizer uma análise comparada, você tem que analisar Divinópolis e outras cidades, vai ver que esse índice de remanejo de rubrica orçamentária, chamada suplementação orçamentária, é de em média 25% no Brasil. Tem cidade que trabalha com índice de 50%. Então creio que tecnicamente, em termos de gestão orçamentária, é satisfatório. Isso é para dar saldo para não deixar, por exemplo, que falte merenda na escola. Até que libera pode faltar por burocracia. Do mesmo jeito pode faltar medicamentos na farmácia. Esse índice é confortável para ter um colchão de segurança.
O Tribunal de Justiça suspendeu o reajuste dos secretários. O município recorreu, mas a decisão anterior foi mantida. Agora, tramita na Câmara um projeto de novo reajuste. Como o senhor tem lhe dado com essa situação? A insistência pela permanência do aumento é por considera-lo justo?
Vamos pela lógica história. Não é uma questão do meu governo, é uma questão de conjuntura. Tem uma lógica histórica que remunera os agentes políticos em Divinópolis e sempre partiu de uma equação com todos os prefeitos, em todos os mandatos, que é: prefeito ganharia dois “xx” e vereadores, vice e secretários um “x”. Essa é uma lógica que permeia a remuneração. Por um detalhe de vírgula, juridicamente, e um cidadão provocou a justiça, houve uma interpretação jurídica guiada por liminar, mas achamos que devemos manter essa lógica que não é uma lógica de governo, é uma questão de estado, mais ampla dos dois poderes.
Então se houvesse a suspensão também do reajuste do prefeito, vice e vereadores, seria justo já que manteria essa “lógica histórica” de salários equiparados?
Na verdade eu nem tenho reajuste. Reajuste é termo de correção monetária ela prevê para todos os servidores e para os agentes com exceção do prefeito e do vice. Então deve seguir essa linha.