Jesiel se passava por advogado e oferecia participação em uma empresa dele de recursos de multa; Ele atuava em Divinópolis e outras cidades da região; Pastor nega as acusações
Após ser preso, o pastor Jesiel Junior Costa Oliveira negou as acusações de estelionato e de extorsão de fiéis, em depoimento prestado na manhã desta terça-feira (08), na delegacia regional de Polícia Civil, em Divinópolis.
Investigações
De acordo com Adriene Lopes, delegada responsável pelo caso, as investigações foram iniciadas em abril deste ano, quando seis vítimas compareceram à delegacia regional, em Divinópolis e notificaram que estavam sendo enganadas por Jesiel.
Segundo o que foi apurado, ele oferecia às vítimas a participação na empresa dele, que trabalha com recursos de multa de trânsito, chamada de Multare, com sede na Rua Minas Gerais. Para outras, também eram oferecidas franquias, mesmo a entidade não sendo uma franqueadora. Jesiel também se passava por advogado, de acordo com a PC, mesmo não estando inscrito em quadros de advocacia ou de estagiários.
“A empresa possui filiais em outras cidades, como Nova Serrana (a qual já fechou), em Itaúna (que era de uma vítima que comprou a participação na empresa, mas teve o prejuízo, pois não havia contrato), em Belo Horizonte e Ipatinga”, detalhou Adriene.
Prejuízo e depoimento
Adriene contou que foram contabilizados, em média, R$300 mil de prejuízo. Algumas vítimas adquiriram mais de uma franquia ou mais participações na empresa, quando na realidade, não acontecia isso de fato.
“Ele (Jesiel) simplesmente pegou o dinheiro destes compradores e desapareceu. Nos meses anteriores, ele foi para a Europa e ficou por lá por algum tempo, tanto é que durante as investigações, não conseguimos ouví-lo”, contou a advogada.
Jesiei só foi ouvido na manhã de hoje, quando a PC decretou a prisão preventiva dele. No depoimento, além de negar o envolvimento no caso, ele alegou que não conhecia algumas vítimas. Segundo as apurações, foi comprovado que a movimentação financeira da empresa, bem como a particular do investigado, era realizada em nome da Igreja Batista Filadélfia, situada no bairro Porto Velho.
Na casa dele e na empresa Multare, foram apreendidas máquinas de cartão de crédito e débito, todas registradas no nome da Filadélfia, configurando lavagem de dinheiro.
“Com relação a depósitos na aquisição de participação na empresa, as ações foram feitas na conta da igreja Filadélfia, de Divinópolis. Teve vítima que fez depósito de R$90 mil. Perguntado a ele o porque desse depósito, foi dito que era doação, dízimo”, disse Adriene.
Dentre as vítimas, com grande maioria de Divinópolis, houve uma de São Paulo, que comprou a franquia, com a intenção de instalar no estado. Porém, o prejuízo desta foi de R$185 mil.
Sobre as denúncias de ameaças aos fiéis, Adriene destacou que uma delas chegou a gravar uma conversa com as coações. Jesiei é dono de várias igrejas registradas em seu nome, localizadas em Divinópolis e na comunidade de Água Limpa em São Gonçalo do Pará.
Ele também é diretor de uma igreja de Belo Horizonte, com sede em Caracas, na Venezuela. O pai e a esposa também são donos de igreja e possuem contas bancárias. Estes também serão ouvidos. As contas de Jesiel foram bloqueadas, para futuros ressarcimentos às vítimas.
Defesa
O PORTAL GERAIS entrou em contato com Maciel Lúcio, advogado de Jesiel, que informou que o investigado esclareceu os fatos e aguarda os demais encaminhamentos do caso. A defesa disse que falou à delegacia que a situação se tratou de um mal entendido.
“Parece que uma questão política em relação a igreja. Então os fatos serão apurados e se saberá a verdade e será comprovada a inocência dele nesta questão”, disse Maciel.
Josiel foi encaminhado ao presídio Floramar e poderá responder pelos crimes de estelionato, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro, comunicação falsa de crime, sonegação fiscal dentre outros.
Foto de capa: Arquivo Pessoal