Inquérito foi instaurado pelo órgão e as investigações seguem a longo prazo; Inoperância do Olho Vivo dificulta os trabalhos de apuração

A Polícia Civil de Santo Antônio do Monte, região Centro-Oeste do estado, instaurou inquérito civil para apurar casos de envenenamento de animais no município. No primeiro semestre de 2019, 15 boletins de ocorrência deste tipo de crime foram registrados em Samonte, mas o delegado, Lucélio Silvo diz acreditar que exista um número ainda muito maior. 

De acordo com o delegado, o processo está em andamento desde o início do ano e o inquérito possui algumas linhas de investigação, suspeitos e medidas judiciais já determinadas. Porém, não há um indício que permita encaminhar os possíveis autores destes crimes ao Judiciário, devido a falta de provas e informações superficiais.

“Estamos contando muito com o apoio da população mesmo (…) Possuíamos uma ferramenta muito boa que era o sistema de monitoramento da cidade, que está com defeito há uns dois anos. O pessoal está olhando para que ele volte a funcionar, mas não tem previsão”, explicou o delegado.

O sistema em questão é o Olho Vivo, o qual o Lucélio detalhou que ajudou a elucidar um caso semelhante de envenenamento na cidade, há cerca de dois anos. As informações recebidas estão sendo anexadas ao inquérito e a investigação segue a longo prazo

“Muita gente fica receosa de fornecer imagens de monitoramento, até mesmo informações (…) Enquanto não for elucidado o caso, o inquérito ficará aberto”, falou Lucélio.

Socorro

Foto cedida por Fernanda Castro

Cecília Aparecida Ferreira tem um hospital veterinário no município e contou que recebeu diversos cães vítimas do envenenamento.

“Eles chegavam em sofrimento, desnorteados, tendo convulsões (várias por minuto). A temperatura chegava a 42,5 graus e às vezes conseguíamos reverter o quadro, mas na maioria dos casos, infelizmente os animais vinham a óbito”, descreveu.

A veterinária aconselha as pessoas que encontrarem animais envenenados a levarem eles para o socorro o mais rápido possível e não tentarem nenhuma manobra. Os que conseguiram se salvar foram os encaminhados rapidamente.

Casos e mobilização

Foto cedida por Fernanda Castro

Segundo a vereadora e defensora da causa animal, Fernanda Castro, aproximadamente 40 animais foram envenenados em janeiro. Na época as ocorrências se concentraram em regiões como os bairros Retiro do Lago e Centro.

Ainda de acordo com ela, após toda a repercussão e cobranças para a identificação dos suspeitos, elas se cessaram, mas sem nenhuma resolução.

Todavia, os casos voltaram a acontecer e desta vez em diversos pontos de Santo Antônio do Monte. Para, mais uma vez, cobrar medidas das autoridades foi criado o movimento denominado Unidos pelos Animais, para que voluntários possam ajudar a descobrir quem são os culpados.

“Na última segunda-feira tivemos uma reunião com o prefeito e ele se comprometeu a reativar o Olho Vivo, são 25 câmeras na cidade. Ele se comprometeu também a contratar um servidor para registrar essas imagens, dando o suporte que a Polícia Civil precisa”, explicou Fernanda.

Prefeitura

Nessa semana, a prefeitura encaminhou uma nota informando que tem acompanhado de perto a nova série de envenenamento de cães.  Ela atribuiu a responsabilidade de investigar à Polícia Civil (PC). Disse ainda que caberá ao Ministério Público denunciar os envolvidos. 

“O Poder Executivo ressalta que tem feito a cada dois meses ações de controle de zoonoses com a castração de animais de rua, vacinação e teste de leishmaniose, pois esta é a maneira mais eficaz de controle populacional de cães e gatos. Ação esta que já virou referência em Minas Gerais. O Município informa ainda, que dentro das ações voltadas para os animais de rua, está a estruturação do Centro de Apoio de Animais, como já divulgado anteriormente. É importante ressaltar que o modelo deste centro de zoonoses não será o mesmo de canil. O local será voltado para consultas, tratamento e recuperação completa dos animais”, divulgou.

O Executivo também reforçou que no início deste ano, a Polícia Civil fez uma investigação sobre a séria de envenenamentos, porém não conseguiu identificar os suspeitos e que por isso, é de extrema importância a colaboração da população. 

“Sobre as câmeras do Olho Vivo, o Executivo informa que a manutenção das mesmas foi repassada para uma entidade e uma empresa de Samonte, por meio de um convênio, porém devido ao alto custo da continuidade do programa, ambas as partes deixaram o acordo. O prefeito Dinho do Braz já determinou a abertura de um processo licitatório, para a contratação de uma empresa especializada na manutenção das câmeras”, finalizou.

Denuncie

O delegado Lucélio Silva orientou a população a denunciar caso tenham informações que possam levar a solução dos casos. As denúncias podem ser feitas à Polícia Militar (PM), a própria Polícia Civil, a prefeitura e a Vigilância Sanitária.