Edson fala em “associação criminosa”; Delano sugere Comissão Especial

Amanda Quintiliano

O pedido de instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os áudios que vazaram esta semana envolvendo o prefeito de Divinópolis, Galileu Machado (MDB), o jornalista, Geraldo Passos e o ex-aliado do emedebista, Marcelo Máximo, conhecido como Marreco, foi protocolado na tarde desta quinta-feira (26). O documento recebeu seis assinaturas.

Encabeçada pelo vereador, Edson Sousa (MDB) o requerimento teve a assinatura também de Cleitinho (PPS), Sargento Elton (PEN), Janete (PSD), Roger Viegas (PROS) e Eduardo Print Jr. (SD). Ele deverá ser lido na reunião da próxima quinta-feira (03), devido ao feriado do dia 1º de maio.

Nos áudios vazados pelo próprio Marreco, ele conversa, em um deles, com Galileu e o outro com Passos. Em ambos é tratada a nomeação dele para um cargo na prefeitura. Entretanto, as possíveis negociações ficam mais claras na suposta gravação com o jornalista em que ele tenta dissuadi-lo de fazer denúncias envolvendo o governo.

“Envolve um comprometimento absurdo, para mim de associação criminosa, porque é diferente de quadrilha. É de uma gravidade ímpar que eu nunca vi. Uma pessoa que é um blogueiro, que não tem nada com a administração pública, fala que negocia cargo para a esposa, interfere, liga para secretário, tenta coagir o tribuno para não vir a essa casa”, argumentou Edson nomeando a comissão como “CPI do Divinews”.

O vereador alega ainda que por meio da CPI será possível verificar a veracidade dos áudios. Edson classificou o conteúdo como sério e citou um trecho da gravação em que Passos diz que “só tem uma linguagem que políticos entendem: porrada”.

“A linguagem dele é uma linguagem de coação, que os vereadores só entendem se derem porrada neles, pancadas”, enfatizou.

Investigação

As gravações sinalizam questões bem mais sérias que a interferência do jornalista numa suposta negociação de cargos. Na tribuna, na terça-feira (24), Marreco chegou a mencionar o PAC 1 e também o PRO Transporte sinalizando irregularidades.

Ao PORTAL, em uma entrevista exclusiva, o denunciante disse que é necessário saber se houve fiscalização e acompanhamento para o novo processo de licitação do PRO Transporte e se há também em relação ao PAC 1.

“Se no passado teve fraudes em licitações, jogo de planilhas, tudo pode acontecer novamente”, afirmou.

Instauração

Em plenário o presidente da Câmara, Adair Otaviano (MDB) disse que irá acatar o pedido de CPI se houver fato determinado. Ele ainda criticou o excesso de solicitações sem embasamentos. Citou também a posição do vereador, Dr. Delano (MDB) de nomear uma comissão especial antes de pedidos de CPI.

Segundo Otaviano, a comissão especial pode investigar as denúncias e caso sejam colhidas provas de irregularidades durante os trabalhos, aí sim, ser protocolado o pedido de CPI.

Delano afirmou em plenário que seria a favor da comissão especial e que a partir dela poderia ser contratada uma perícia para averiguar se os áudios são verdadeiros, se houve manipulações ou montagens.

Geraldo

Em nota enviada ao PORTAL, Geraldo Passos disse que “como jornalista, não tenho nenhuma participação na nomeação de ninguém. Tal função só é exercida por quem de direito para fazê-lo. Porém, como cidadão, tenho como princípio ajudar as pessoas e, se estiver ao meu alcance, gostaria muito de ajudar, desde que a pessoa tenha capacidade para exercer qualquer cargo, na esfera pública ou na iniciativa privada”.

Veja na íntegra:

“É importante destacar o papel que exerço de jornalista e articulista político em Divinópolis e na região. Assim, no exercício dessas atividades, converso com vários segmentos locais e tenho acesso a informações do cenário local, muitas delas antes mesmo que tenham sido efetivadas. Tal condição conquistei graças ao respeito conquistado junto às fontes. Como jornalista, não tenho nenhuma participação na nomeação de ninguém. Tal função só é exercida por quem de direito para fazê-lo. Porém, como cidadão, tenho como princípio ajudar as pessoas e, se estiver ao meu alcance, gostaria muito de ajudar, desde que a pessoa tenha capacidade para exercer qualquer cargo, na esfera pública ou na iniciativa privada.

Qualquer detalhe sobre qualquer cargo é público, está disponível no Portal da Transparência. Cabe ao jornalista buscar as informações. E ainda: como jornalista, recebi do senhor Marcelo um convite para cobrir a reunião da Câmara. Assim, como recebo diariamente convites para cobrir vários outros eventos. Sempre procuro preparar minhas pautas. E, nesse contexto, conversamos sobre a necessidade ou não de se abordar tal assunto.

Sobre a participação de Fausto Barros, ou de qualquer outra pessoa, não houve qualquer ingerência neste sentido uma vez que o mesmo, atualmente, não faz parte do governo e seu nome somente foi mencionado como maneira de dar mais segurança ao Marcelo com relação a nomeação que poderia vir. Fato esse que poderá ser comprovado pelo próprio Marreco, pois ele mesmo informou-me que não recebeu nenhuma ligação de qualquer membro do governo para tratar da sua nomeação ou qualquer outro assunto. Logo, tudo o que sei a respeito do fato foi obtido através de serviço de investigação jornalística, como é natural em pauta de jornalismo político”.