A carne representa 40% da composição da cesta básica; Custo com os produtos representar quase 43% do salário mínimo

Pelo quinto mês consecutivo, a cesta básica de alimentos em Divinópolis segue em alta. De acordo com o Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômico Sociais, o NEPES, da Faculdade Una Divinópolis, desta vez, o reajuste foi de 2,9%, comparando os meses de agosto e setembro.

Em setembro, o conjunto de alimentos passou a custar R$ 478,84, R$13,50 a mais que em agosto, onde o valor da cesta chegou a R$465,34.

A pesquisa do custo da cesta básica é realizada conforme metodologia sugerida pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e foi realizada entre os dias 20 e 26 de setembro de 2021 com o levantamento de preços praticados por 06 estabelecimentos com representatividade no ramo de produtos alimentícios no município.

Segundo o coordenador da pesquisa, professor Wagner Almeida, para este levantamento não foram considerados preços promocionais para os produtos listados. No caso da carne, que representa o maior peso, 40,82%, na composição da cesta, foram pesquisados os preços dos cortes chã de dentro e chã de fora.

“O alto preço da carne, observado em setembro/2021 e nos meses anteriores, pode ser atribuído às condições ruins das pastagens, ao clima seco e os altos custos de produção”, explica Wagner.

O professor destaca que entre os itens que demonstraram aumento estão a banana prata (48,64%%), o óleo de soja (21,93%), a manteiga (9,23%) e o açúcar (3,09%). Enquanto isso, houve queda no preço da farinha (15,23%), da batata inglesa (9,82%) e do pão francês (6,22%).

“A alta nos preços da banana prata, do açúcar e da manteiga pode ser explicada pela oferta restrita por causa do clima seco e da falta de chuvas. Já o aumento no preço do óleo de soja, deve-se ao volume de exportação que cresceu, em especial para a China, e, com o problema de escoamento de grãos nos Estados Unidos, a demanda internacional esteve voltada para a soja brasileira”, reforça o professor.

Inflação

Na última sexta-feira (8/10), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, divulgou a inflação oficial do País calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O índice acelerou de 0,87% em agosto para 1,16% em setembro, o maior para o mês desde o início do Plano Real, em 1994. Com este resultado, a inflação no acumulado em 12 meses chega a 10,25%.

Dos grupos pesquisados para a composição do índice, o de alimentação e bebidas teve uma variação de 1,02% em relação a agosto e contribuiu com 0,21 pontos percentuais para resultado de setembro.

Salário mínimo

A pesquisa ainda aponta que para o trabalhador remunerado pelo piso nacional, o valor de R$478,84 é equivalente a 43,5% do salário mínimo bruto. Em agosto, o percentual foi de 42,3%.

“Ao comparar com o salário mínimo líquido, isto é, após o desconto referente à Previdência Social (7,5%), verifica-se que o trabalhador comprometeu em setembro, 47,06% do salário mínimo líquido vigente para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta”, conta o coordenador da pesquisa, Wagner Almeida.

A partir destes dados e de acordo com o levantamento feito em Divinópolis pelo NEPES/Una no mês de setembro de 2021, estima-se que o salário mínimo necessário deveria ser equivalente a R$ 3.340,74, valor que corresponde a 3,04 vezes o piso nacional vigente, de R$ 1.100,00.

“O cálculo é feito levando em consideração a uma família de quatro pessoas, composta por dois adultos e duas crianças, que por hipótese, consomem como um adulto, conforme orienta o Dieese. Pode-se inferir que este seria o orçamento total capaz de suprir também, as demais despesas com habitação, vestuário, transporte e outros”, explica.

Wagner reforça que com base no valor médio da cesta básica em setembro/2021, o trabalhador divinopolitano remunerado pelo piso nacional precisou trabalhar 95 horas e 46 minutos, mais que em agosto, quando foi de 93 horas e 04 minutos.