Pesquisadores descobrem nova variante do HIV no Brasil
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O estudo conduzido pela UFBA, Fiocruz e Universidade da Cidade do Cabo sugere que a nova cepa pode estar em outras regiões do país, mas ainda não foi detectada.

Uma pesquisa brasileira identificou uma nova variante do HIV, denominada CRF146 – BC, que está em circulação no país. A variante foi observada em exames de sangue de pacientes nos estados do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Bahia. Ela é resultado da combinação genética dos tipos B e C do vírus da AIDS, ambos amplamente presentes no Brasil.

Detalhes da pesquisa

Joana Paixão Monteiro-Cunha, autora da pesquisa, afirmou: “Ainda não sabemos se a variante apresenta diferenças em termos de transmissibilidade ou desenvolvimento da doença. Tudo isso deve ser analisado com cautela, porque foram identificados casos esporádicos. Neste momento, não há motivo para alarme, pois ainda não temos informações sobre características biológicas como patogenicidade, transmissibilidade e gravidade da doença.”

Hipótese e análise

As formas recombinantes do HIV são responsáveis por cerca de 23% das infecções globais, com mais de 150 combinações entre os tipos B e C identificadas desde 1980. A hipótese é que a nova cepa tenha se formado no organismo de um paciente portador, gerando padrões inéditos. A pesquisa analisou amostras de uma pessoa em tratamento na cidade de Salvador (BA), e os resultados foram comparados com dados de outros bancos científicos. Essa comparação revelou três ocorrências semelhantes no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul.

Formas de circulação do vírus

Joana explicou: “Vale ressaltar que nem sempre é possível identificar genomas recombinantes, pois eles contêm partes de diferentes subtipos em várias regiões do genoma. Para confirmar se é um recombinante, é geralmente necessário ter a sequência completa do genoma viral. Portanto, é possível que outras formas recombinantes estejam circulando em diversas regiões do Brasil sem terem sido identificadas ainda.”

Parcerias do estudo

O estudo foi realizado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em colaboração com a Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul.