Poliany Mota

A partir de 05 de junho entidade deixará de atender 50 crianças (Foto: Poliany Mota)

A partir de 05 de junho entidade deixará de atender 50 crianças (Foto: Poliany Mota)

No ano em que completa 60 anos de funcionamento, o centro de convivência infantil Lar das Meninas anunciou que a partir do dia 05 de junho deixará de atender 50 crianças. De acordo com a entidade, a medida é decorrente da falta de recursos para manter os cerca de 100 frequentadores da instituição.

 

Conforme informações apuradas pelo PORTAL, os gastos por mês giram em torno de R$ 16 mil, porém, a arrecadação atual não passa de R$ 9 mil. Cinco funcionários já foram mandados embora, estão cumprindo aviso prévio. A instituição tem como principal fonte de renda o curso de costura oferecido no local, que está sem alunos, e doações da comunidade e de pais que podem contribuir com algum valor. Na tentativa de atrair alunos, o horário do curso de costura será mudado para a noite. 

 

A instituição recebia crianças de até 12 anos. Entretanto, agora permanecerão apenas alunos de quatro a seis anos. O presidente da entidade, Maurício Paiva, preferiu não gravar entrevista. Segundo ele somente após serem concluídas as mudanças, emitirá um comunicado oficial apresentado o novo funcionamento.

 

Protestos

 

Após saberem da decisão, um grupo de mães se reuniu, na manhã desta quarta-feira (21), em frente ao Lar das Meninas, desesperadas e questionando a quem devem recorrer. Elas ressaltaram que falta apoio dos órgãos públicos da cidade para manter a entidade, que é fundamental para que possam trabalhar e sustentar suas famílias.

 

Mães não têm onde deixar os filhos para trabalharem (Foto: Poliany Mota)

Mães não têm onde deixar os filhos para trabalharem (Foto: Poliany Mota)

 

“Trabalho como doméstica o dia inteiro, de 8h às 17h30, de segunda à sexta. Não tenho com quem deixar meu menino de oito anos. Antes eu deixava sozinho em casa, mas o Conselho Tutelar foi lá e falou que iria levá-lo para o abrigo se eu não tivesse condição de pagar alguém para ficar com ele. Mas a gente não encontra pessoa de confiança para olhar nossos filhos. Agora que arrumei um lugar para ele ficar, perdi a vaga. Também não tenho condições de pagar um creche. A maioria de nós não ganha nem R$1000 e ainda tem que pagar aluguel. Tem mãe que ganha R$ 540 por mês”, comentou Andréia dos Santos.

 

As mães estão planejando realizar uma festa junina na Praça da Catedral para arrecadar fundos para o Lar. Segundo Andréia Alves, uma das organizadoras, elas esperam um alvará da prefeitura.

 

“A gente não sabe para onde ir, estamos perdida, sem rumo. Queremos saber o que realmente está acontecendo. É a prefeitura que não ajuda? É problema da presidência? Como podemos ajudar? O centro é muito importante porque sempre está funcionando, é a segunda casa das crianças. Quando tem feriado, por exemplo, as escolas costumam emendar dois, até três dias, mas o Lar recebe nossos filhos. Agora as escolas entram de férias e essas crianças não têm para onde ir”, concluiu Carla Carine de Deus.