Mesmo sem o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) ter definido pela ilegalidade da greve dos servidores de Divinópolis, o prefeito Vladimir Azevedo (PSDB) pretende cortar os dias se até a próxima semana os serviços não forem normalizados. Também serão cortados o vale-transporte e ticket alimentação. O tucano diz não ser justo com quem não aderiu ao movimento pagar integralmente que não está trabalhando.
Essa foi apenas uma das afirmações feitas pelo prefeito durante coletiva de imprensa nesta sexta-feira (15). Vladimir disse que já propôs ao Sindicato dos Trabalhadores Municipais (Sintram) e ao Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sintemmd) a reposição de acordo com a demanda de cada secretaria, mas que não recebeu nenhum retorno.
“Na próxima semana temos um feriado e a folha precisará ser fechada até quarta-feira. Então os sindicatos têm até lá para nos posicionarem”, afirmou.
O município também tomará providências contra os servidores que invadiram o prédio central da Prefeitura coagindo os demais trabalhadores e ameaçando. Imagens de câmeras de segurança serão usadas para identificar quem participou da ação. Deverão ser tomadas medidas judiciais e administrativas. A invasão teria ocorrido na manhã de sexta-feira (16).
Reajuste
O prefeito voltou a reafirmar que o município já está “no limite do limite” ao oferecer 3% de reajuste escalonados mais cerca de 73% de revisão do ticket alimentação.
“Construímos uma proposta na terça-feira. Eu não vim com nada pronto foi uma construção com representantes dos dois sindicatos. Saímos daqui tranquilos, achando que daria certo, mas a categoria recusou em assembleia […] Eu não sou um prefeito que foge ao diálogo. Na hora certa abrimos negociação”, comentou.
Os servidores cobram 11,27% de reposição salarial.
Impasse
O reflexo da greve não está apenas nas escolas fechadas ou no funcionamento parcial das unidades de saúde. Esta semana as internações na clínica cirúrgica do Hospital São João de Deus foram suspensas. Isso ocorreu devido ao travamento de recursos para a unidade. Para liberar o dinheiro, o prefeito precisa da aprovação da Câmara.
Vladmir teria a opção de fazer a suplementação por meio de decreto. Entretanto a legislação o autoriza a utilizar apenas 5% do orçamento para esta manobra, do contrário poderia ser considerado pedalada fiscal.
A alegação de Vladimir é que este montante por meio de decreto deverá atender a folha de pagamento e que liberar esses R$ 15,6 milhões poderia comprometer a gestão até o final do ano, pois ele perderia margem em casos de urgência.
Para o tucano, os vereadores estão aproveitando o momento como “combustível eleitoral” ao travarem o projeto.
“Os fatos estão aí por si. Mas o que vale é que a maioria da câmara tem responsabilidade, a maioria não vive da ferida dos outros e quer resolver os problemas da cidade”, afirmou.
Um colégio de líderes foi criado para agilizar a votação. Com isso, há prazo para apresentação de emendas e o projeto deverá ser apreciado já na terça-feira (19). O presidente da Câmara, Rodrigo Kaboja (PSL) na última reunião já ditou o tom de como serão as próximas e deu sinais de que não irá ceder às pressões e colocará a matéria em votação.
Sindicato
Nesta sexta-feira (15), ao receber a notícia de deferimento parcial da liminar, o diretor jurídico do Sintram, Alberto Gigante orientou os profissionais de saúde a retomarem às atividades. Ele ressaltou também que a categoria não deve se preocupar por que o TJMG não viu ilegalidades no movimento.
“Isso proíbe que a prefeitura tome qualquer atitude contra os servidores que participaram do movimento até agora ou que irão continuar”, esclareceu.
Uma reunião já está marcada nesta segunda-feira entre o jurídico do sindicato e o desembargador, Afrânio Vilela para contra argumentarem as informações repassadas pela prefeitura para suspender a greve.