Poliany Mota
O prefeito Vladimir Azevedo assinou nesta quinta-feira (17) um decreto que instaura situação de emergência no Rio Itapecerica, por causa da proliferação de aguapés. A previsão é que a planta comece a ser retirada do trecho entre as pontes dos bairros Niterói e Porto Velho no mês de agosto. Na ocasião Vladimir também assinou o termo de licitação para a contratação de uma balsa para realizar a limpeza, que deve durar de dois a três meses e que pode custar mais de R$ 300 mil.
Segundo o biólogo da Prefeitura, Claudemir Cunha, a medida não extingue os problemas de saúde do rio, que também estão ligados a outros elementos, como a falta de chuva, alto índice de insolação e, principalmente, o descarte do esgoto dentro do rio, porém, se os aguapés não forem retirados imediatamente o impacto negativo pode ser ainda maior, especialmente para as espécies que dependem da bacia.
“A baixa oxigenação do rio provocada pelo aguapé ocasiona a mortandade dos peixes, lembrando que se os aguapés não forem retirados na atual situação da qual se apresenta o rio, quando chegar os meses de outubro e novembro a situação vai estar pior”, “na marcação realizada a partir de abril deste ano até agora, em julho, a extensão em metros estabelecido como proliferação de aguapés é uma média de 400 metros. Foi recomendada a retirada do aguapé para minimizar a situação do rio”, explicou o biólogo.
De acordo com Vladimir Azevedo, a linha de crédito de R$ 35 milhões aprovada em 2010 pelo Governo Federal para investimentos na bacia já está liberada e ainda há um montante de R$ 200 milhões para a construção de Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) para que a partir de então o rio passe, de fato, a ser revitalizado. Entretanto, o gestor ressaltou que a execução dos projetos será de médio a longo prazo, afirmando que é necessário levar em consideração que o problema vem se desenvolvendo a mais de um século.
“Quando se fala do rio, a gente fala com carga de sentimento, de poesia, de amor. Mas, da poesia para a engenharia e recursos para fazer a obra, tem uma certa distância. São cem anos que o rio recebe esgoto in natura e nunca recebeu um projeto de tratamento. Não se resolve problema de cem anos do dia para a noite, não tem varinha de condão que resolva. São questões caras, de políticas, que já tomamos providências, e engenharia complexa”, afirmou o prefeito.
Tratamento para recuperação do Itapecerica
O vice-prefeito e superintendente da Usina de Projetos, Rodrigo Resende, disse que a vencedora da licitação para elaborar os projetos de recuperação do Rio Itapecerica é a empresa Dan Engenharia LTDA, que deve entregar o planejamento de ação daqui a aproximadamente doze meses. De acordo com Rodrigo, representantes da empresa já participaram de uma reunião com a prefeitura nessa quarta-feira (16), para traçar um modelo de atuação.
“A gente entende que tratando 60% do esgoto de Divinópolis, passamos a recuperar o Rio Itapecerica”, “primeiro eles vão dar um diagnóstico do que nós temos que fazer na calha dos 20 quilômetros do rio que corta Divinópolis, isso ficou muito claro ontem e eles já estão trabalhando em três linhas, a primeira é a recuperação da barragem. Há a necessidade da construção de uma nova barragem para nós passarmos a controlar a vazão do Rio Itapecerica, principalmente no período chuvoso. Se nós tivéssemos uma barragem funcionando, poderíamos liberar um volume de água até para limpar a calha do rio”, contou o vice-prefeito.
O chefe de operações da região centro-oeste da Copasa, Maurício Paulo Pereira, disse que a primeira etapa da ETE para o Rio Itapecerica deve ficar pronta em 2016 e terá a capacidade de tratar 400 litros por segundo. Já a segunda etapa só deve ficar pronta em 2022, quando o sistema de tratamento de esgoto passa trabalhar com 600 litros por segundo.
“Estamos falando de uma cidade com mais de 200 mil habitantes, além da infra-estrutura existente, teremos que implantar aqui mais de 110 quilômetros de rede de interceptores, num planejamento previsto a instalação de três estações, duas de médio porte e uma de grande porte”, “a bacia do Itapecerica requer uma engenharia muito mais complexa, são mais de 70 quilômetros de redes de interceptores, demandou um tempo maior para elaboração de um projeto”. “A Copasa vem trabalhando dentro do cronograma estabelecido em contrato, cumprindo todos os prazos”, explicou Maurício.
Segundo informações do representante da Copasa, a primeira ETE, para tratamento do Rio Pará, ficou pronta em novembro de 2013, com capacidade de tratamento para 1.300 milhão de litros de esgoto por dia. A segunda unidade será instalada em Santo Antônio dos Campos (Ermida) e a última a ser implantada será a do Itapecerica.