Representante do IBDS ao lado do prefeito Gleidson Azevedo (PSC) (Foto: Divulgação)

Encenando uma comitiva, Gleidson disse que fiscalização será diária dentro da unidade até a definição da nova gestora

Alvo de questionamentos por manter o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS) a frente da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) por mais seis meses, o prefeito Gleidson Azevedo (PSC) montou o que chamou de “plano de ação” e prometeu, nesta sexta-feira (22/10), não deixar afetar a assistência.

O rompimento do contrato com a gestora da unidade foi anunciado pelo próprio prefeito com a alegação de irregularidades, principalmente, contábeis. Foi estabelecido prazo de seis meses de transição para o município realizar um novo processo licitatório.

O assunto foi pauta da última reunião do Conselho Municipal de Saúde. Na ocasião, foi colocado em votação duas propostas, uma delas era a de a prefeitura assumir a gestão até a realização da licitação e o afastamento imediato do IBDS.

Entretanto, a alternativa defendida pelo governo venceu, mantendo-a na gestão por até seis meses até a conclusão da licitação. A argumentação é de que não é possível licitar em tempo inferior.

A decisão também tem sido criticada por vereadores. Dentre eles, Flávio Marra (Patriota).

“Se está tudo errado, por isso estão saindo, ainda vamos dar mais seis meses”, indagou Marra na reunião da câmara de terça-feira (19/10).

Plano de ação

Em resposta, o prefeito, nesta sexta-feira (22/10), disse que as equipes da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa) estarão diariamente na UPA acompanhando o processo de transição. Em uma encenação, já na rua de acesso a unidade, ele entrou em um dos carros do município, em uma espécie de comitiva, e entrou no prédio.
Antes de entrar do veículo prometeu:

“Fizemos este plano de ação e estaremos todos os dias aqui na UPA para não faltar assistência, até uma nova empresa ganhar”.

O gerente de Regulação Rafael Otaviano disse que será acompanhado todo o processo assistencial.

“Enquanto diretoria de regulação, detentor do contrato do IBDS, nosso papel é fiscalizar a questão assistencial da UPA, regulação que envolve todo o processo assistencial”, explicou.

Já diretora de Vigilância em Saúde Érika Camargos afirmou que o setor estará atento ao cumprimento da legislação.

“A Vigilância Sanitária trabalha em cima de legislações, de leis próprias para a assistência. Estamos aqui para fazer o acompanhamento para que nesta transição de uma nova empresa assumir essa legislação, o que for risco sanitário não ocorrer, para manter durante todo esse processo de transição, sanitariamente, dentro do que precisa, na legalidade”, esclareceu.

Prazo

Uma das alternativas discutidas e, inclusive, colocada em debate na reunião do conselho é a convocação da segunda colocada no processo licitatório que resultou na vitória do IBDS. Entretanto, o governo alega vícios. O processo licitatório é um dos pontos alvos de investigação na operação desencadeada pela Polícia Federal contra a gestora.

“Isso aqui não é iniciativa privada que você mete o pé e dá 30 dias de aviso não. Isso aqui é poder público, você não muda a UPA em seis meses”, declarou o prefeito.

O diretor de Regulação Érico Souki destacou também que o novo edital terá novas condições.

“Vamos fazer uma nova licitação, com novos critérios para que possamos acertar”, afirmou.

A diretora da Vigilância em Saúde completou:

“Uma nova licitação, melhor planejada, elaborada, para que não tenha nenhum vício que estamos vivenciando nesta licitação que houve”.

Sem promessas

Antevendo possíveis críticas após a próxima empresa assumir, o prefeito foi direto e ainda atribui à deficiência do parque hospitalar ao problema crônico de superlotação da UPA.

“Não quer dizer que a UPA será o melhor atendimento do mundo não, Porque a UPA ela leva uma culpa que não é dela. Enquanto não tiver o hospital regional, as vezes o cidadão fica aqui 12 dias esperando cirurgia, fica superlotada. É todo um complexo que temos que melhorar de saúde. Não adianta vir a melhor empresa do mundo que não será o melhor atendimento. Vamos sempre trabalhar para a melhor excelência na saúde”, comentou.

Sem danos a assistência

O responsável pelo IBDS na UPA disse que a assistência não será prejudicada. Descartou também demissões de funcionários. Disse que estão cumprindo aviso apenas os que atuavam no hospital de campanha, devido ao encerramento contratual. A unidade de atendimento a Covid-19 será desmobilizada até 05 de novembro.

“Se fosse pelo prefeito Gleidson, se eu fosse governador, eu não ia tirar estes leitos ainda é muito prematuro achar que essa doença acabou. Mas infelizmente quem mantém isso é o estado é o Zema”, enfatizou o prefeito.