Proposta, segundo Adair, é para passar pente fino e nomear equipe disposta a trabalhar pela cidade
Amanda Quintiliano
Apesar do prefeito de Divinópolis, Galileu Machado (MDB) ter emplacado a adequação da Lei do Nepotismo, o placar deixou claro o enfraquecimento da base. Dos 17 vereadores, apenas seis dos presentes votaram a favor da mudança da norma. Isso deixa evidente a relação estremecida entre os dois poderes e sinaliza a necessidade de rever a atuação do governo.
Está para chegar à câmara a reforma administrativa. Apesar de não se falar em criação de cargos, pelos corredores há críticos ao projeto. A resistência enfrentada pelo prefeito é tamanha, que até mesmo os edis do MDB tem votado contra as matérias apresentadas pelo Executivo. Passar a reforma não deverá ser tarefa fácil, mas ela pode vir também como um meio para dar outro tom a administração.
Isso porque as críticas ao secretariado são constantes. O governo já foi classificado como “inerte, anacrônico e centralizador” pelos vereadores que reclamam também da falta de diálogo. A situação preocupa tanto, que o presidente da Câmara, também do MDB, Adair Otaviano questiona a atuação da administração e sugere um “limpa” entre os comissionados.
“Logo após a reforma, que ele demita todos os cargos comissionados e renomeie todos novamente, por que, talvez, ele coloque a prefeitura nos trilhos. O prefeito precisa tomar uma atitude neste sentido, não há outro caminho”, sugeriu, mencionando os 20 anos de filiação ao partido e a amizade com Galileu.
Para Adair, exonerar apenas alguns não é suficiente para corrigir os erros.
“A mesma caneta que nomeou duzentos e tantos cargos comissionados exonera todos”, enfatizou recomendando a renomeação ou nova nomeações de gente comprometida com a cidade.
Governança
Sem apoio da câmara, a governança fica ainda mais difícil. O presidente da Câmara cita projetos básicos que encontram empecilhos.
“Já vi projeto nesta Casa, de transferência de dotação orçamentária ser reprovado ou vereadores trabalharem contra. Transferência de dotação é simplesmente rubrica, não significa dinheiro, tirando de uma pasta, levando para outra. Vereador votar contra este tipo de projeto, na verdade, tem um problema muito sério”, afirmou.
O emedebista defende uma relação mais harmônica entre os poderes com portas abertas.
“O que o prefeito precisa é priorizar a Casa Legislativa como parceira, um poder independente, mas harmônico entre si e mostrar aos vereadores ao que veio. Veio para governar a cidade para o povo e não para meia dúzia […] Tem que sentar numa mesa redonda e ouvir as partes. Não existe governo sozinho”, finalizou.