Em entrevista ao PORTAL GERAIS, Warlon Elias falou sobre a nova gestora da unidade e como deve ficar a situação dos funcionários
O Instituto Brasileiro de Políticas Públicas (IBRAPP) venceu a licitação para gerir a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Divinópolis (MG). De São Luiz, no Maranhão, a empresa venceu com proposta de R$ 106 milhões para contrato de 60 meses.
Para o presidente do Conselho Municipal de Saúde (CMS) Warlon Elias o valor apresentado está dentro do mercado.
“O conselho não tem nenhum questionamento quanto ao valor, muito pelo contrário, a gente só lamenta que tem que ter esperado tanto tempo para chegar no mesmo lugar”, afirmou.
Ele defendeu a convocação da segunda colocada após o rompimento do contrato entre o município e o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Social (IBDS). Entretanto, por entraves jurídicos, o município optou em mantê-lo até nova licitação.
O IBRAPP ficou em segunda colocação na última licitação com valor de R$91.691.488,89. Na época, segundo Elias, foi feito uma análise pelo CMS.
“O conselho fez uma pesquisa para entender quem eram as melhores, se tinha problema ou nenhum problema (…) E a gente viu que ela tinha um trabalho muito bom em diversas unidades Brasil afora, que ela era uma bem conceituada”, afirmou.
A empresa tem 14 anos de mercado. Em seu site, apresenta como case de sucessos Hospital Frei Gabriel e Hospital da Criança.
“Nome, patrimônio, a instituição tem. Quando eu falo o nome, eu não estou falando da propaganda do nome, estou falando de um histórico de serviços prestados, quanto a isso, o conselho não questiona”, destacou o presidente do CMS.
Rompimento contratual
O IBDS foi alvo de operação da Polícia Federal para combater o desvio de recursos. Dentre as ilegalidades apontadas na época estão sobrepreço, favorecimento de empresas, ausência de divulgação de editais.
O Conselho Municipal de Saúde também denunciou o IBDS ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). Ele apontou suspeita de desvio. A OS usava recursos da UPA de Divinópolis para custear a sede em Belo Horizonte com pagamento de aluguel, energia, dentre outras despesas.
O rompimento do contrato foi baseado no processo administrativo que revelou irregularidades na prestação de contas e são basicamente contábeis.
Solução de problema
Embora, a nova gestora venha como uma ponta de esperança, para o presidente do CMS, ela não é a resposta para os problemas.
“A empresa que está lá, está saindo porque ela fez alguma coisa que a gente não concordou, mas toda empresa que entrar lá vai se deparar com os problemas da cidade”, enfatizou.
O principal gargalo está na atenção primária.
“Por que as pessoas vão para a UPA? As pessoas vão para a UPA porque elas não encontram o atendimento que elas esperam na atenção primária, por exemplo, e aí elas acabam indo pra lá e torna aquela multidão de gente aguardando para ser atendida”, exemplificou.
“Quero dizer para a população que a gente espera que melhore, claro, com toda a certeza nós vamos fiscalizar, mas não vamos esperar que em um passe de mágica as coisas aconteçam. É preciso que a gestão trabalhe também para melhorar as causas, consequências que geram aquele monte de gente lá na UPA”.
Warlon Elias – presidente do CMS
Ausência de plano
Warlon Elias citou a ausência do Plano Municipal de Saúde que já deveria ter sido apresentado.
“A gente tem que exigir do gestor que ele cumpra a lei. A gente tem que exigir que ele tenha um plano municipal de saúde, que ele trabalhe sobre planejamento, porque hoje a gente não gasta para planejar, a gente planeja para gastar, não é?”, posicionou.
Ainda segundo o presidente, a gestão está descumprindo a Conferência Municipal de Saúde que estabelece dentre as prioridades a construção e implantação de uma unidade básica de saúde no bairro Jardim Copacabana.
“O que determinar em conferência tem que ser cumprido. E o Copacabana está lá desamparado, deveria ter uma unidade de saúde e lá que é a meta número um não cumprida de 2019 não foi atendida, mas eles construíram uma nova unidade. Onde? No Porto Velho, a gente é contra abrir unidade no Porto Velho? Não”, declarou.
Questionado se as escolhas dos locais para construção de unidade de saúde, ele respondeu:
“Acho que a população não é boba. Eu acho que a população está vendo exatamente o que está acontecendo e as reclamações estão aí por isso, porque tinha que ter planejamento”.
Funcionários da UPA
Para Warlon os funcionários da UPA não deverão ter problemas com os acertos.
“O que eu entendo é que nós não vamos trocar de funcionários. A tendência é a nova, é claro, de forma legal, absorver praticamente todos. Então o funcionário não vai sair. A gestão nos informou, ao conselho, de que ela já tinha resolvido a questão de recursos para que os funcionários não ficassem prejudicados, enquanto a questão de acerto. Isso foi citado na última reunião, lá na Câmara, que foi transmitida. Então eu espero que não tenha nenhum problema quanto a isso. O IBDS, a gente sabe que ele tem problemas em outras cidades, não é? Mas aqui em Divinópolis, a gente questionou e foi informado essa situação de que a gestão tinha tomado garantias para que isso não ocorresse. Então eu estou acreditando na gestão”.