Zé Heleno tratou proibição como transfobia e a comparou ao discurso transfóbico de Nikolas Ferreira
O professor de Divinópolis José Heleno Ferreira defendeu, nesta quinta-feira (9/3), a revogação da lei municipal que proíbe o uso de linguagem inclusiva nas escolas da cidade e em concurso público. Ao fazer a defesa, ele ainda comparou a proibição ao discurso transfóbico feito ontem pelo deputado federal Nikolas Ferreira (PL/MG).
Para Zé Heleno, a proibição é alimentada por “alguns setores”. E que a “homofobia e transfobia” é a razão das tentativas de vedar o uso da linguagem inclusiva.
Nesta linha, ele comparou com o discurso de Nikolas Ferreira:
“Não podemos aceitar que continuem acontecendo casos como o que aconteceu na câmara federal, em que um deputado, inclusive de Minas Gerais, em um discurso asqueroso, cometeu um crime ao menosprezar as mulheres e as pessoas trans, inclusive usando uma peruca loira para falar como uma mulher. Casos deste tipo, assim como a proibição da linguagem inclusiva, estão interligados e precisamos perceber a relação”, analisou.
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Nikolas Ferreira
Ao discursar na Câmara Federal, no Dia Internacional da Mulher, Nikolas usou uma peruca loira e disse se sentir “mulher, deputada Nikole”.
“As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres”, declarou.
O deputado negou transfobia.
“Defendi o direito das mulheres de não perderem seu espaço nos esportes para trans – visto a diferença biológica – e de não ter um homem no banheiro feminino. Não há transfobia em minha fala. Elucidei o exemplo com uma peruca (chocante). O que passar disso é histeria e narrativa”, argumentou em um post no Twitter.
Linguagem neutra
A lei que proíbe o uso da linguagem neutra está em vigor em Divinópolis desde 2021. Na época, ele articulou para tentar barrar o projeto de autoria do hoje deputado estadual Eduardo Azevedo (PSC).
O pedido de revogação, segundo ele, é com base na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou uma lei semelhante no estado de Rondônia.
Para ele, a câmara de Divinópolis pode se adiantar e tomar as medidas necessárias para revogar a norma.
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Educação e Cultura (Cnteec), segundo o professor, vai entrar com ação do STF para vincular a decisão a todas as leis em vigor no país.
“É preciso que nas escolas e espaços educacionais as variantes linguísticas, que estão sendo hoje discutidas, faladas pelo país, sejam objetos de discussões”, defendeu.