Amanda Quintiliano

Os bons exemplos podem vir de muitos lugares, mas tem um espaço ideal: a escola. Uma professora de química de Divinópolis conseguiu mesclar teoria e prática. Mas, não são apenas pequenos experimentos. Ela foi mais longe e uniu o conteúdo, as vezes complexo, com o preservação do meio ambiente.

O laboratório da Escola Estadual Martin Cyprien tornou-se em um espaço para reaproveitamento de óleo. Os estudantes aprendem colando a mão na massa a saponificação, em outras palavras, a técnica de se fazer sabão.

A ideia partiu da professora Perla Araújo. Ela sempre teve vontade de levar a prática para a sala de aula. Além de tornar o estudo mais dinâmico e agradável ela consegue trabalhar a conscientização da preservação ambiental.

“Vejo pessoas descartando óleo em quintais, pias, lotes, etc. Como a escola tem uma demanda grande de alunos, seria fácil recolher uma grande quantidade de óleo”, conta.

Prática

Os óleos foram levados pelos próprios estudantes. O projeto é desenvolvido com os alunos dos primeiro e segundo ano do ensino médico, adolescentes de 15 a 17 anos. Para viabilizar, a turma foi dividida em grupos e a cada aula parte é levada para o laboratório a outra tem aula teórica com o apoio de estagiário da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg).                    

“O nosso objetivo é, além contribuir com o meio ambiente, não descartando óleo usado em locais impróprios, fazer doação para a escola, para uso dos alunos e também para alguma entidade”, explica.

Os grupos ainda estão na fase de produção. Para a fabricação são usadas garrafas pets e baldes. O sabão leva 10 dias para secar e depois é feito o corte. Nesta primeira leva já foram feitos 400.

“O bom disso tudo é que a gente consegue ver na prática os efeitos químicos. Vamos fazendo o sabão, utilizando os produtos e vendo as reações de cada. Desta forma é bem mais interessante e a gente aprende muito mais fácil”, comenta a aluna no 1º Ano, Talita Cristina, de 15 anos.

Desempenho

Muito além de colher frutos de conscientização ambiental a professora também está conseguindo envolver os alunos que geralmente são mais dispersos.

“O interessante é que aqueles alunos mais problemáticos em sala de aula são os que mais sobressaem nestas aulas. É uma maneira que eu tenho também de me aproximar deles”, conclui a professora.

Reaproveitamento

A técnica de fazer sabão não é nova. A supervisora da escola, Yeda Lamounier conta que a mãe dela, de 85 anos, do Alto Paranaíba, sempre fabricou o produto. Os filhos e familiares ainda juntam o óleo e levam para ela que faz o sabão e distribui para a família.

“Eles são excelentes para lavar roupa, para as mãos também. A iniciativa da professora Perla é ótima pois provoca uma reflexão nos alunos. Além de ser bom para o meio ambiente é até uma questão de economia porque algumas famílias não têm condições de comprar”, relata.

Quem quiser colaborar com o repasse dos óleos utilizados em casa no preparo de alimentos pode procurar a professora Perla na Escola Martin Cyprien.